“Vamos proteger de forma firme a soberania e a integridade territorial da China, e dissuadir de forma determinada os Estados Unidos de conter a China em relação à questão de Taiwan e vamos destruir energeticamente a ilusão das autoridades de Taiwan de confiarem nos EUA para a independência”. As declarações do porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês não deixam dúvidas sobre a questão.
O mais recente documento oficial sobre o tema – A Questão de Taiwan e a Reunificação da China na Nova Era – reafirma a política de ‘Um País, Dois Sistemas’, aplicada às regiões de Hong Kong e Macau, como o melhor caminho para alcançar a reunificação nacional chinesa. A prioridade do Partido Comunista Chinês é alcançar esse objetivo por vias pacíficas.
O desmonte da política de aproximação com a China e afastá-la de Moscou, arquitetada no governo Nixon, foi avaliado pelo ex-Secretário de Estado Henry Kissinger como inabilidade das atuais lideranças do Ocidente. Em entrevista a um jornal americano, avaliou a guerra a Ucrânia como consequência de “um diálogo estratégico fracassado”. Segundo ele, o os Estados Unidos e países europeus vinculados à OTAN deveriam ter levado a sério as exigências de segurança do presidente russo, Vladimir Putin.
Na semana que passou, os riscos de um desastre de proporções inimagináveis na maior usina nuclear da Ucrânia, Zaporijia, ocupada por tropas russas, causou enorme preocupação. Moscou avança a passos rápidos na estratégia de anexação do Leste e Sul da Ucrânia, como o fez com a Crimeia, e prepara um plebiscito para legitimar a ação.
O continente europeu foi fustigado por eventos climáticos extremos, causando seca, incêndios e enchentes de enormes proporções em vários países. Pesquisas revelam que nos últimos quarenta anos, o Ártico aqueceu cerca de quatro vezes mais depressa do que a média do resto da terra. Os fatos colocaram a questão ambiental no centro das atenções.
Na América do Sul, elas se voltam para a crise econômica na Argentina e as eleições no Brasil. A posse do novo presidente da Colômbia, Gustavo Petro, foi um alento no cenário de incerteza. Anunciou que sua primeira prioridade será agir para enfrentar a fome no país com 50 milhões de habitantes, onde quase metade da população vive em algum tipo de pobreza. Uma reforma fiscal de US$ 5,8 bilhões, que aumentaria os impostos sobre os mais ricos para financiar programas sociais, será apresentada ao Congresso na próxima semana.
Como esperado, o dia 11 de agosto foi tomado por manifestações em defesa da democracia em várias regiões do Brasil. A principal delas ocorreu em São Paulo, na faculdade de Direito da USP. O Largo de São Francisco foi tomado por pessoas de distintas gerações numa celebração comovente. “Hoje é um outro momento, um momento grandioso, eu diria talvez inédito, em que capital e trabalho se juntam em defesa da democracia. Acho que nós estamos celebrando aqui, com alegria, com entusiasmo, com esperança e com certeza, o hino à democracia”, disse o jurista José Carlos Dias, 83 anos, um dos signatários da Carta aos Brasileiros contra a ditadura militar, de 1977, ao iniciar a leitura da nova carta em defesa da democracia e do Estado de Direito.
Bolsonaro ridicularizou o movimento, afirmando que não passou de uma “micareta” do PT e que o documento com mais de um milhão de assinaturas vale “menos do que um pedaço de papel higiênico”. Aposta na reação no 7 de setembro, cuja mobilização vem sendo intensificada nas redes sociais. Espera colher os frutos da política de distribuição de benesses, do Auxílio Brasil à máquinas e equipamentos agrícolas à clientela, assim como nos resultados do combate à inflação. Usa a imagem da primeira dama para conquistar voto feminino entre evangélicos e só não avança mais neste segmento devido à resistência das próprias mulheres. Confia na redução da diferença entre ele e Lula, como começam a indicar as pesquisas eleitorais, apesar de muitos dos aliados o evitarem nos palanques estaduais. Em última instância, confia na blindagem da PGR no caso de uma derrota.
Lula sinalizou para os empresários com um governo de estabilidade, confiabilidade e previsibilidade, o que agradou. Embora a vitória no primeiro turno esteja sob risco, aposta nas manifestações de rua para ampliar a confiança do eleitorado contra a ameaça golpista e o faz recuperando espaços simbólicos da luta contra a ditadura na emblemática campanha das Diretas Já, como a Praça da Estação em Belo horizonte e o Vale do Anhangabaú em São Paulo. Assinou a Carta aos Brasileiros, mas sabe que precisa ouvir e falar de perto para o pedreiro, a costureira, a dona de casa, o garçom. A coligação de partidos “Brasil pela Esperança” (PT, PSB, PV, PCdoB, PSOL, Rede, Solidariedade, Avante e Agir) organizará mobilizações em todo o país no dia 16, primeiro dia de campanha. A disputa entra numa fase decisiva.