Na semana de 6 a 13 de junho, a Cúpula das Américas, realizada em Los Angeles, Estados Unidos, acabou sendo um evento esvaziado, sem a desejada repercussão política, com a exclusão pelo governo norte-americano de países como Venezuela, Cuba e Nicarágua – acusados de não serem democráticos e de violarem os direitos humanos – e o boicote de outros países, como México e Bolívia. Organizada para recuperar a crescente perda de influência dos EUA nos países latinos, o esvaziamento serviu de mote ao comentário no editorial do Global Times chinês de que a América Latina não é mais “quintal “ dos Estados Unidos. Sabem do que estão falando.
A principal crítica ao governo norte-americano veio do presidente argentino, Alberto Fernandez que afirmou que um anfitrião não tem direito de rejeitar convidados e que os bloqueios econômicos dos Estados Unidos contra Cuba e Venezuela procuram condicionar os governos, mas afetam a população: “Definitivamente, queríamos outra Cúpula das Américas. O silêncio dos ausentes nos interpela. Para que isso não se repita, gostaria de deixar registrado para o futuro que o fato de ser um país anfitrião da reunião não lhe concede a capacidade de impor o direito a admitir os países membros do continente”, questionou.
O governo brasileiro foi convencido a participar, de última hora, por emissário enviado por Biden que temia o total esvaziamento da Conferência sem a presença também do Brasil. Bolsonaro condicionou sua participação a um encontro com o líder norte-americano – para tirar foto para campanha, mostrando que não está isolado – e à não abordagem de temas incômodos, como eleições e a defesa do meio ambiente, justamente no momento em que o mundo perguntava pelo paradeiro do famoso repórter inglês Dom Phillips e do indigenista brasileiro Bruno Pereira, recém-desaparecidos na Amazônia. Aproveitou para constranger Biden com o pedido de ajuda para combater Lula, segundo ele contrário aos interesses norte-americanos no Brasil.
Um comitê especial de investigação sobre a invasão do Capitólio em janeiro de 2021 divulgou os resultados de sua apuração, apontando que o ex-presidente Donald Trump estava por trás de uma “tentativa de golpe” para se manter no poder no país, logo após perder as eleições para Joe Biden. O ex-presidente pode ser processado e se tornar inelegível, se condenado.
Na Rússia, o palco da guerra foi momentaneamente deixado de lado para comemorar o 350º aniversário do czar Pedro, O Grande, que inspira Putin em seus arroubos autoritários e expansionistas.
No plano nacional, o governo amealhou duas magras conquistas: finalizou a privatização da Eletrobras e comemorou uma pequena queda na inflação em maio. A inflação, no entanto, está longe de ser domada e acumula uma alta de 11,73 no ano, motivo para o continuado pesadelo de Bolsonaro quanto ao impacto negativo da elevação dos preços nas eleições. O desmatamento na Amazônia bateu novo recorde em maio. O desaparecimento de Dom Phillips e de Bruno Pereira serviu para mostrar ao mundo como a ausência do Estado naquela região remota da Amazônia a tornou refém de quadrilhas de traficantes, caçadores e pescadores ilegais.
Desesperado, Bolsonaro volta a atacar o Supremo, desta vez por ter derrubado a manobra de Nunes Marques para livrar deputados bolsonaristas da cassação, e bota novamente os generais para questionarem o processo eleitoral. Em vez de questionarem a segurança das urnas eletrônicas, deviam se encarregar da segurança de regiões de fronteira, como na Amazônia, entregue a bandidos.
Lula continua folgadamente na frente nas pesquisas eleitorais. Faz acertos no programa de governo com a participação de partidos aliados. Recebeu o apoio oficial do PSOL e da Rede. No andar de baixo, deputados do PDT isolam e abandonam Ciro Gomes; os bilionários da Faria Lima continuam tentando impulsionar a candidatura de Tebet e Moro amarga mais uma derrota: o TER-SP anulou a transferência do seu domicílio eleitoral para São Paulo.