O terremoto na Turquia e Síria, de dimensões devastadoras, foi destaque na mídia internacional na última semana. Atingindo regiões de difícil acesso e em pleno inverno, algumas delas bastante inseguras e controladas por rebeldes em oposição ao governo sírio, provocou mais de 15 mil mortes, número que tende a crescer nas próximas horas.
A viagem de Lula aos Estados Unidos catalisou as atenções nos últimos dias. A visita deve recolocar as relações entre os dois países em outro patamar, considerando o esfriamento entre os governos Biden e Bolsonaro. Mas não deve ser esperado muito. Na recente fala ao Congresso sobre o Estado da União, Biden priorizou as questões domésticas, pouco falou de questões externas, simplesmente ignorou a América do Sul. Lula levou Haddad e Marina Silva na comitiva. Deve ser anunciada a participação dos EUA no Fundo Amazônico e reforçada a defesa da democracia.
No plano interno, um dos principais temas na mídia foi a crítica de Lula à política monetária expressa na exorbitante taxa Selic. Mantida em patamar draconiano de 13,75%, foi considerada “uma vergonha” pelo presidente. Lula fez reiteradas críticas à política monetária, apontando a necessidade de correção de rota e eventual troca de comando. Lula considera os juros abusivos “um ataque a seu governo”, colocando a economia em risco de recessão.
Instalada a polêmica, setores tradicionalmente ligados aos interesses da banca vieram em defesa de Campos Neto, presidente do Banco Central nomeado por Bolsonaro. Em editorial, o Globo afirmou: “Em vez de atacar BC, Lula precisa começar a governar.” Lira, por sua vez, declarou que a autonomia do Banco Central é “uma marca mundial” e que esse modelo de gestão da entidade monetária “não retroagirá”. Foi apoiado pelo Centrão e ala da base de apoio do governo no parlamento, cujos líderes partidários afirmaram que não há intenção, nas bancadas que representam a maioria do Congresso, de recuar em pautas econômicas já aprovadas em governos anteriores.
Lula aproveitou a semana para criticar também o processo escandaloso de privatização da Eletrobras. O governo prepara uma ação na Justiça para anular duas regras “leoninas” implementadas pelo governo Bolsonaro na privatização da empresa. O primeiro dispositivo em questão impede o governo federal de ter mais de 10% dos votos na empresa, mesmo possuindo cerca de 40% das ações dela. Já a segunda norma determina que, caso o governo queira comprar mais ações da Eletrobrás, o valor cobrado será 200% maior do que o regular – ou seja, três vezes mais caro.
Na cerimônia de posse de Aloizio Mercadante como presidente do BNDES, Lula disse em seu discurso esperar que Mercadante “faça este banco voltar a ser o banco indutor do desenvolvimento, do crescimento econômico deste país”.
Depois de uma semana com rotas de fuga abertas aos garimpeiros invasores da TI Yanomami, a ação conjugada da PF, forças armadas e Funai passou a fechar o cerco e a intensificar a ação repressora, com apreensão e destruição de equipamentos e ameaça de prisão dos infratores que permanecerem na reserva. Há o risco de os garimpeiros invadirem outras terras indígenas por não disporem de alternativa para garantir a sobrevivência. A questão precisa ser resolvida adequadamente. Violaram a lei e têm vínculos com a máfia do garimpo. A pergunta que se faz é se ação repressora atingirá também o topo da cadeia envolvida na mineração predatória nesta região ou se ficará restrita aos “bagrinhos”.
Continua o processo de “desmilitarização” dos órgãos do governo, desta vez com a transferência da Abin da CGI para a Casa Civil. As investigações sobre os envolvidos no ato golpista de 8 de janeiro prosseguem. Avançam quando se trata de civis envolvidos na depredação do patrimônio, no financiamento das ações e em políticos que manifestaram apoio ao golpe, mas caminham a passos lentos quando se trata de militares – julgados pelos próprios militares – que foram coniventes com os atos ou participaram diretamente da depredação, abriram rotas de fuga para os vândalos e os acobertaram no acampamento em frente ao QG do Exército.