Semana de 5 a 11 de setembro/2022
A morte da rainha Elizabeth II na segunda (8) foi a principal notícia na mídia internacional na última semana. A mais longeva rainha e chefe de Estado do Reino Unido faleceu, aos 96 anos, no Castelo Balmoral, na Escócia, onde passava férias. O trono passou imediatamente para seu herdeiro, Charles, antigo Príncipe de Gales, proclamado rei no sábado (10). Dois adias antes de sua morte, a rainha recebera Mary Elizabeth Truss, confirmada oficialmente primeira-ministra do Reino Unido.
A nova premiê recebe um país abalado pela crise econômica e ultrapassado pela Índia, uma ex-colônia, no ranking das maiores economias do mundo. De acordo com Keir Starmer, líder da principal legenda da oposição, o Partido Trabalhista, a crise é o resultado de 12 anos de governo que só tem a mostrar “baixos salários, preços altos e um custo de vida digno de um conservador”. Liz Truss, como é conhecida a nova líder conservadora, terá que enfrentar desafios políticos que poderão redesenhar o futuro do Reino Unido: um novo plebiscito para decidir sobre a independência da Escócia e a demanda de unificação da Irlanda, com a possibilidade de perda da Irlanda do Norte, majoritariamente protestante.
Putin fez mais uma demonstração da aliança com a China. Desta vez o palco foi o Extremo Oriente russo, onde ocorre o mega exercício militar anual das Forças Armadas russas. No outro extremo, no território ucraniano invadido, as tropas de Zelennky anunciaram a reconquista de mais de 30 localidades na região de Kharkiv. A empresa estatal de gerenciamento de energia atômica da Ucrânia, a Energoatom, anunciou no domingo (11) que desligou, por questões de segurança, o último dos seis reatores da usina nuclear de Zaporizhzhia, ocupada pelos russos. Para combater a alta da inflação, uma das consequências da guerra na Ucrânia, o Banco Central Europeu elevou a taxa de juros em 0,75 pontos.
A comemoração do bicentenário da independência do Brasil em 7 de setembro passou longe de uma celebração cívica, à altura da data. O evento foi capturado por Bolsonaro e transformado em degradante ato de campanha eleitoral, nos vários palcos armados para este fim. Em Brasília, entoou gritos de “imbrochável” em tom machista ao lado da primeira-dama. No Rio de Janeiro, no meio de uma parafernália de exibição força envolvendo uma mistura de aparato militar e máquinas agrícolas, além de paraquedistas em queda desastrada sobre edifícios de Copacabana, o presidente fez fala anticorrupção com foco em Lula – “Não sou ladrão” – deixando de explicar como o clã amealhou cerca de 25 milhões de reais para comprar mais de cem imóveis ao longo das últimas décadas.
Em São Paulo, o ato na avenida Paulista se tornou palanque para candidatos bolsonaristas. Em outras regiões do país, pedidos de impeachment de ministros do STF, intervenção militar e criminalização do comunismo estavam estampadas em cartazes em até cinco idiomas. As manifestações contaram com apoio financeiro de empresários e lideranças evangélicas que compartilharam o palanque com o presidente, onde foi notória a ausência de representantes de outros poderes: os presidentes do Senado, da Câmara dos Deputados e do Supremo.
A repercussão internacional foi extremamente negativa. Para renomados veículos jornalísticos – Associated Press (EUA), CNN (EUA), Público (Portugal) Diário de Notícias (Portugal), Le Monde (França), Al Jazeera (Catar), Independent (Reino Unido) e El País (Espanha) – Bolsonaro se apropriou de uma data nacional tradicionalmente apartidária para promover sua campanha pela reeleição.
Lideranças da oposição – Lula, Ciro Gomes, Tebet – repudiaram o sequestro do 7 de setembro por Bolsonaro. Lula respondeu com veemência às ilações sobre corrupção e pediu explicações sobre a compra de imóveis por Bolsonaro com dinheiro vivo. Aproveitou para sugerir ao adversário que compare seu governo com o dele.
A demonstração de força de Bolsonaro não teve o impacto desejado nas pesquisas de intenção de voto. A última pesquisa do Data Folha, divulgada na sexta (9), reafirma o quadro de relativa estabilidade, com Lula à frente com 45% das intenções de votos. Bolsonaro subiu dois pontos, passando de 32% para 34%. Ciro caiu de 9% para 7% e Tebet permaneceu estável em 5%. Lula venceria Bolsonaro num eventual segundo turno de 53% a 39%.
Lula vai melhor que Bolsonaro entre mulheres (47% a 29%); entre quem tem ensino fundamental (56% a 26%); entre quem recebe até dois salários mínimos (54% a 26%); na região Nordeste (60% a 23%); entre as pessoas pretas (54% a 25%); entre católicos (54% a 27%); entre beneficiários diretos ou indiretos do Auxílio Brasil (56% a 29%).
Bolsonaro vai melhor que Lula: entre quem recebe de 5 a 10 salários mínimos (49% a 34%); entre quem recebe mais de 10 salários (42% a 29%); na região Centro-Oeste (47% a 30%); entre evangélicos (51% a 28%).
Pesquisa divulgada pela IPEC mostra que Lula está na frente em 14 estados, neles incluindo os maiores da região Norte (AM e PA), todo o Nordeste e os maiores colégios eleitorais do Sudeste (SP e MG), além do RS. Os dois candidatos estão tecnicamente empatados em 6 estados (RJ, ES, GO, DF, MS, PR). Bolsonaro vence em 6 estados eleitoralmente residuais (RR, RO, AC, AP, TO, MT, SC ).