Segundo analistas, a guerra na Ucrânia entra numa segunda fase, depois do momento de inflexão em que o Kremlin foi surpreendido pela derrota militar no cerco a Kiev. O mundo assistiu horrorizado às imagens de massacre de civis indefesos, cujos corpos foram encontrados nas ruas de Butcha. Novas valas comuns de cadáveres foram descobertas em Kiev e arredores. As cenas provocaram novas manifestações de repúdio nas ruas de capitais europeias e de líderes ocidentais, mais sanções econômicas contra a Rússia e sua suspensão do Conselho de Direitos Humanos da ONU. No mesmo período, os ataques das tropas invasoras concentraram-se no Sul e no Leste, visando criar um corredor de segurança entre a Crimeia e as repúblicas separatistas de Donetsk e Luhansk, na região de Donbass.
A maior derrota miliar do exército russo, desde a Segunda Guerra Mundial, está sendo escamoteada por Putin, ao mudar a narrativa do conflito: o motivo da invasão passou a ser a defesa da própria Rússia, ameaçada pelo Ocidente, e não mais a libertação das repúblicas rebeldes fustigadas por milícias nazistas ucranianas. A defesa da pátria justifica as enormes perdas humanas e materiais. Ganhou com esse discurso maior apoio interno, onde prevalece a mais rigorosa censura e a mais truculenta repressão aos críticos da guerra.
As forças invasoras preparam-se para inverter o curso do fracasso, intensificando o cerco e o bombardeio de cidades como Mariopul e Karkhiv, alvo de 66 bombardeiros em apenas 24 horas. Putin precisa vencer. Deverá ser mais uma vitória sobre escombros e milhares de cadáveres, como aconteceu em Alepo. Para assegurar este resultado, entregou o comando das tropas ao general Alexander Dvornikov, conhecido como o “açougueiro da Síria”.
Zelensky terá que optar entre continuar defendendo Kiev ou direcionar parte das tropas que fazem esta defesa para o front no Leste. Pode ser que envie apenas armamentos, que vem recebendo em maior escala da Otan. A desigualdade de forças poderá abreviar o combate, mas a vitória russa não será legitimada pela comunidade internacional, situação que tenderia a colocar o conflito numa fase de estagnação no campo diplomático, como aconteceu na Coréia.
Depois de uma semana tensa, em que se chegou até a especular se Macron iria para o segundo turno, diante do crescimento de Marie le Pen, da União Nacional, e Jean-Luc Mélenchon, representando a esquerda radical, o eleitorado francês prepara-se novamente para o segundo turno entre as forças de centro-esquerda e da extrema direita. Um embate histórico e decisivo para o país e para a Europa, segundo Macron, que recebeu o voto de 27,2% do eleitorado; um “duelo de civilização”, para Le Pen, ancorada em 23% dos votos. A esquerda radical e tradicional, o Partido Socialista e Os Republicanos (partido de direita), deverão apoiar Macron no segundo turno. Zemmour, o candidato mais à extrema direita, recomendou o voto em Le Pen. A conferir, daqui duas semanas, o resultado que interessa a todos que combatem a extrema direita no mundo e no Brasil.
No cenário nacional, a divulgação dos números da inflação em março impactou negativamente: 1,62% num único mês, o maior índice em 28 anos, apontando uma escalada impressionante da variação de preços. Na arrumação de última hora, depois da atrapalhada na tentativa anterior, o governo indicou José Mauro Coelho à presidência da Petrobras. A decisão foi recebida pelo mercado como continuidade da estratégia e das políticas comerciais da companhia, entre elas a que define o preço dos combustíveis.
Diante do risco de mais uma CPI para apurar denúncias de corrupção, desta vez no MEC, o governo agiu rápido: conseguiu convencer três senadores a retirar seu nome da lista de pedido de instalação da comissão parlamentar de inquérito. Notícias sobre corrupção continuam surgindo – destinação de verbas para ONG’s de prateleira – enquanto maracutaias já conhecidas são barradas pelo TCU, como o leilão de ônibus escolares superfaturados (3.850 ônibus, envolvendo 1,6 bilhão de reais).
E Lira afirma que a corrupção no governo Bolsonaro é apenas pontual. Devia olhar o próprio rabo: empresas de aliados seus abocanharam 79% do total de gastos do governo em kits de robótica para os municípios; usa o orçamento secreto para distribuir seletivamente recursos vultosos para parlamentares alinhados – um deles chegou a ser agraciado com a módica quantia de 300 milhões de reais -, segundo dados divulgados na imprensa!
As pesquisas eleitorais recentes continuam indicando Lula e Bolsonaro como prováveis adversários no segundo turno das eleições, o atual presidente ganhando um pouco de musculatura, alimentada pelo arsenal de “bondades” e por ex-apoiadores de Moro. Pelas projeções atuais, não escapará de uma derrota significativa no segundo turno. Em novo remelexo, lideranças de partidos que tentam salvar a “terceira via” prometeram indicar, em maio, uma chapa única como alternativa aos dois “extremos”, para o delírio daqueles que acreditam na fantasia. A propósito, num evento em Washington, Moro declarou, pateticamente, que não desistiu da candidatura e foi desmascarado por um dos coordenadores do debate por ter colocado no mesmo plano Lula e Bolsonaro. Ficou com “cara de tacho”, como se diz no Sul de Minas.
Finalmente, o PSB indicou Alkmin como candidato a vice na chapa de Lula, proposta que enfrenta certa resistência da ala mais à esquerda no PT. A aliança com o PSB não resolveu as disputas em todos os fronts, como em São Paulo, onde Haddad-PT lidera, mas França-PSB não abre mão da candidatura ao governo estadual.