Na semana de 29 de novembro a 5 de dezembro, o mundo continuou em alerta com a expansão da nova cepa do coronavírus – o ômicron – para diversos países, sem que houvesse ainda um diagnóstico mais preciso sobre seu potencial de contágio e de letalidade. Alguns países adotaram medidas preventivas, fechando fronteiras para voos internacionais, particularmente dos países da África austral, ao mesmo tempo em que houve oscilação negativa das Bolsas de Valores. A OMS definiu a situação como preocupante, enquanto o mundo ficou em compasso de espera.
Notícias sobre as eleições no Chile e em Honduras apontaram ventos favoráveis à esquerda. Depois da vitória do candidato da extrema direita, Jose Kast, no primeiro turno das eleições chilenas, Boric, representando a Frente Ampla em aliança com o Partido Comunista, tomou a dianteira: as pesquisas indicam uma diferença de 3% a 16% das intenções de voto a seu favor. Depois de muito tempo, a disputa no Chile se dá entre os extremos da esquerda e da direita.
Em Honduras, Xiomara Castro, esposa do presidente destituído do poder há 12 anos atrás, Manuel Zelaya, obteve uma vantagem de 20% dos votos (do total de 51% dos votos apurados) sobre o conservador Nasry Asfrura, que também se declarou vencedor. A conferir o resultado final das apurações.
A semana foi quase morna no cenário nacional, considerando fases anteriores de turbulência. Os parlamentares desafiaram o Supremo ao votar o projeto que mantém o sigilo sobre quem já foi beneficiado pelas emendas de relator. Alcolumbre, por sua vez, saiu desmoralizado com a aprovação, pelo Senado, de André Mendonça para preencher a vaga deixada pelo ministro Marco Aurélio no STF.
As negociações para tornar Alckmin o parceiro de chapa de Lula tiveram mais um sinal positivo no encontro do político com as Centrais Sindicais, momento em que ele elogiou o acordo entre antigos rivais na Alemanha para formar no novo governo comandado por Olaf Sholz, do SPD. Está também em curso a proposta de se formar uma Federação de Partidos de Esquerda que beneficiaria Lula, candidato do PT.
Moro continua recebendo apoio nada discreto da mídia, particularmente da Globo e da FSP. Lançou um livro onde tenta um acerto de contas com Bolsonaro, gastando páginas e páginas para esclarecer o processo que o levou a sair do governo. Não convenceu. Sua imagem foi ainda mais desagastada com a decisão do STJ de anular as condenações, no âmbito da Lava Jato, de Antônio Palocci e Vaccari Neto. Segundo Rissato, ministro do STJ, as acusações atribuídas a eles diziam a respeito a crime eleitoral e a Justiça Federal de Curitiba não tinha a prerrogativa para analisá-las. Além de tardia, a anulação da condenção revela a gravidade dos descaminhos da operação Lava Jato, questão que precisa ser passada a limpo. Tarefa do próprio poder judiciário e especialmente da mídia, se fosse minimamente séria e não tivesse as mãos sujas com as manobras políticas envolvidas na operação.
Segundo relatório do BIS, banco central dos bancos centrais, o Brasil está entre as três economias com inflação mais elevada no acumulado em 12 meses (10,67%), atrás apenas de Argentina (52%) e Turquia (19,9%), além de voltar a liderar o ranking de juros reais. A preocupação com o Brasil é compartilhada pela OCDE: “O menor poder aquisitivo e as taxas de juros mais altas interromperam a recuperação da confiança dos consumidores e das empresas, retardando a recuperação da demanda interna”, diz o documento divulgado pela entidade, que aponta ainda a demora na retomada do mercado de trabalho. “O desemprego permanece acima dos níveis pré-pandêmicos”. O risco de estagflação continua no horizonte.