Semana de 29 de agosto a 4 de setembro
Os reveses da guerra na Ucrânia para os europeus foram destaque na semana que passou. A inflação média da Zona do Euro subiu de 8,9% em julho para 9,1% em agosto no acumulado de 12 meses. É o maior percentual para o índice de preços ao consumidor da história. A estatal russa Gazprom iniciou, na quarta (31), o corte de fornecimento de gás natural para os países da União Europeia, criando uma expectativa adversa para os próximos meses de inverno.
Condenado no Tribunal dos Povos por crimes contra a humanidade durante a pandemia da Covid19, Bolsonaro também foi notícia pelo destempero verbal contra o presidente do Chile, Gabriel Boric, a quem acusou de atos de vandalismo durante as manifestações sociais que abalaram o governo Piñera. Houve reação à altura da diplomacia chilena. Quinto maior importador de produtos brasileiros, o Chile vem passando por mudanças significativas no sentido de reverter o modelo autoritário e neoliberal da era Pinochet. Foi aprovada na semana passada a ampliação da gratuidade no sistema público de saúde.
Neste domingo, a população foi chamada às urnas para aprovar ou rejeitar a nova Constituição que consagra um “Estado Social de Direitos” e estabelece um novo catálogo de direitos sociais em saúde, educação e previdência, com forte ênfase ao meio ambiente e à proteção de novos direitos. A proposta foi rejeitada. O presidente Boric entendeu o recado das urnas e prepara o caminho para retomar o trabalho de elaboração e uma nova Constituição que dialogue melhor com as forças políticas e libere o país do entulho autoritário deixado pela ditadura militar. “Comprometo-me a pôr tudo de minha parte para construir em conjunto com o Congresso e a sociedade civil um novo itinerário constituinte. Não podemos deixar passar o tempo nem nos enredarmos em polêmicas”, afirmou logo depois do anúncio dos resultados da votação.
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As notícias sobre a corrida eleitoral, com destaque para a divulgação dos resultados da mais recente pesquisa do Data Folha, marcaram a semana. %). Lula vence Bolsonaro (45% x 32%), mas a distância entre os dois vem diminuindo. O sinal amarelo foi aceso para a campanha de Lula com o crescimento de Bolsonaro em São Paulo, onde a diferença caiu de 13% para 5%. Segundo Marcos Coimbra (Vox Populi), os pontos perdidos por Lula se devem à mudança de posição de setores da classe média alta que deixam de apostar em Lula, optando novamente por candidatos da terceira via. Com a melhora de desempenho de Ciro (passou de 7% para 9%) e Tebet (subiu de 2% para 5%), ficou mais difícil para o candidato do PT liquidar a fatura no primeiro turno. Num cenário de segundo turno entre Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL), o ex-presidente tem 53% dos votos, e o atual 38%. O quadro pouco muda em relação à pesquisa anterior (54% x 38%).
Bolsonaro colhe trunfos importantes na economia – redução da inflação, queda do desemprego, crescimento da economia além do previsto – embora o tempo até as eleições seja bastante curto para que impactem positivamente o eleitorado. Lula continua com larga vantagem entre os mais pobres (52% x 25% dos votos entre os que recebem até 2 SM) e Bolsonaro não tem colhido neste setor da população os resultados esperados de suas benesses (Auxílio Brasil). Mas o candidato- presidente apela para mais uma manobra: prepara a inclusão de mais 803,8 mil famílias no Auxílio Brasil a um mês das eleições. Parece ter batido no teto quanto aos votos dos evangélicos. A disputa se acentua no estrato de renda de 2 a 5 salários mínimos (Lula 41% x Bolsonaro 35%).
Em São Paulo, Fernando Haddad lidera com 35% as intenções de voto, mas perdeu três pontos percentuais em relação à pesquisa de 18 de agosto. Tarcísio (21%) subiu cinco pontos e Rodrigo Garcia (15%), quatro pontos percentuais. No Rio de Janeiro, Castro tem 31%, e Freixo, 26% da preferência do eleitorado. Os dois estão tecnicamente empatados, já que a margem de erro do levantamento é de três pontos percentuais para mais ou menos. Em Minas Gerais, o atual governador, Romeu Zema (Novo), lidera a disputa estadual e está em condições de vencer no primeiro turno (52% das intenções de voto, ante 22% do principal adversário dele, Alexandre Kalil-PSD).
Há sinais de que a campanha Lula endurecerá os ataques a Bolsonaro. O noticiário está farto de notícias. Dados sobre as transações imobiliárias escusas envolvendo do clã do presidente proliferaram na mídia e repercutiram nas redes sociais. Na previsão orçamentária apresentada pelo governo para 2023, o valor do Auxílio Brasil é de apenas R$405,00. Notícias não faltam, os responsáveis pela campanha de Lula precisam acertar a mão.