Com o adiamento da viagem de Lula à China, cercada de expectativa em relação à assinatura de projetos de cooperação que possam favorecer a retomada do crescimento no país, os fatos em destaque na mídia internacional continuaram sendo a tensão social no continente europeu (França, Alemanha, Portugal), além da mobilização da oposição em Israel contra a reforma do judiciário proposta por Netanyahu.
Segundo reportagem, “a população francesa voltou às ruas na terça-feira (28) para a décima jornada de manifestações contra a reforma da Previdência. Em todo o país, a mobilização foi marcada por uma diminuição dos confrontos entre policiais e manifestantes. No entanto, o clima entre as centrais sindicais e o governo continua tenso, marcado pela resistência do presidente francês, Emmanuel Macron, em direção a uma negociação”.
A maior greve das últimas três décadas na Alemanha na segunda feira, com impacto em toda a sociedade, paralisou o transporte ferroviário e aéreo, os ônibus e bondes nas cidades, além do transporte de carga. Foi puxada por dois dos mais importantes sindicatos da Alemanha, que juntos somam mais de dois milhões de membros – o Sindicato dos Ferroviários (EVG) e sindicato do setor público alemão (Verdi) – e planejada para coincidir com o início da terceira rodada de negociações salariais. Os sindicatos exigem aumentos de pelo menos 10,5%, devido à alta histórica na inflação alemã, que afeta diretamente os custos de vida.
Em Lisboa, houve uma grande manifestação contra a falta de moradia e os preços elevados dos aluguéis. Começou de forma pacífica e terminou em pancadaria. Em Israel a população continuou nas ruas nas principias cidades, num clima que segundo a imprensa beira ao barril de pólvora. A reforma do sistema judicial “deixaria o Supremo Tribunal do País nas mãos do governo”. Para a oposição trata-se de uma violação inaceitável da separação dos poderes que coloca em causa a democracia em Israel.
Aproveitando da autoridade moral que o distingue como um ícone no cenário mundial, o Papa Francisco afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi vítima de perseguição política e que a ex-presidente Dilma Rousseff sofreu um processo de impeachment injusto.
No plano nacional a divulgação dos elementos centrais da nova âncora fiscal feita por Haddad numa sequência de reuniões com o núcleo do poder do governo Lula e com parlamentares das duas casas do Congresso. Ofuscou a volta de Bolsonaro ao país, cuidadosamente planejada para coincidir com a data do golpe de 64.
A nova regulação é fruto da tensão entre a responsabilidade social defendida veemente por Lula e o equilíbrio fiscal proposto pelo mercado. Estabelece regras e mecanismos para manter esse equilíbrio com base na ampliação da receita, incluindo na arrecadação de impostos setores isentos ou que se furtaram a pagá-los. Contempla a recuperação dos investimentos em educação, saúde e segurança a partir de regras que limitam as despesas em até 70% em situações de crescimento e definem um patamar mínimo (0,6%) para o gasto governamental em situações crise. Ao mesmo tempo, estabelece metas e prazos para zerar a dívida e alcançar o superavit. Espera-se equilibrar as contas em 2024 e gerar superavit em 2025. Ou seja, será um “aperto de cintos” numa economia frágil, cujo crescimento não deverá ultrapassar 1,6% este ano, segundo previsão do governo (o BC estima uma taxa de apenas 1,2%).
Um racha no Centrão, com o claro propósito de diminuir o poder de Lira, levou à formação de novo bloco partidário formado por Republicanos, MDB, PSD, Podemos e PSC, partidos de centro e de direita. O agrupamento tem 142 deputados e é o maior da Casa. Pretende dispensar a mediação de Lira na relação com o Planalto.
Pesquisa do Datafolha mostra que índice de desaprovação do governo Lula nos primeiros três meses é semelhante ao de Bolsonaro no mesmo período de seu governo. Acendeu a luz amarela no Planalto.