Semana de 23 a 29 de maio
A guerra na Ucrânia dominou os debates no Fórum Econômico Mundial, reunido em Davos, Suíça, onde o Brasil foi representado pelo ministro Paulo Guedes e teve presença apagada. Guedes fez algumas reuniões com executivos de empresas e investidores, sem muita importância, e quase ninguém levou a sério o discurso do ministro, esvaziado de poder e que, mesmo assim, insistiu em afirmar que o Brasil continua sendo um país de boas oportunidades para o investimento estrangeiro.
No front da guerra, o exército russo apertou o cerco a Lysychansk e Severodonetske reivindicou a vitória e controle de Lyman, consolidando posições estratégicas em Donbass, onde o exército ucraniano praticamente admite a derrota. Prepara-se o cenário para uma guerra de longa duração, de interesse da indústria bélica norte-americana, com envio de armamento pesado para a Ucrânia. No entorno mais amplo do conflito, as potências envolvidas, mesmo que indiretamente, dão demonstração de força: os EUA reforçaram a presença no Indo-Pacífico e China e Rússia deram demonstração, na mesma região, de armas de última geração.
Tiveram repercussão internacional dois episódios de violência, vitimando inocentes. O primeiro foi o massacre numa escola da comunidade pobre de Uvalde, no Texas, onde 19 crianças e 2 professores foram mortos a tiro de fuzil. O segundo episódio ocorreu no Brasil, em Umbaúba, na cidade de Sergipe, onde policiais rodoviários federais assassinaram Genivaldo dos Santos, preso no porta-malas da viatura e sufocado com gás lacrimogênio e gás de pimenta. As cenas do brutal assassinato correram o mundo e levaram a Anistia Internacional e a Comissão da ONU para Direitos Humanos a exigirem apuração rigorosa e imediata do crime. Não houve posicionamento do governo brasileiro. No dia anterior (24/05), Bolsonaro parabenizou a atuação de policiais na chacina que deixou ao menos 24 mortos na Vila Cruzeiro, bairro do Rio de Janeiro. Foi a terceira mais letal da história recente da região metropolitana da capital fluminense.
No primeiro turno das eleições presidenciais na Colômbia Gustavo Petro, candidato da esquerda, recebeu 40,31% dos votos. Vai enfrentar o representante da direita populista, Rodolfo Hernández, conhecido como Trump Colombiano, que contabilizou 28,17%. A surpresa ficou por conta da derrota, na reta final, do candidato da direita tradicional, Frederico Gutiérrez.
No plano nacional o fato principal foi a divulgação da última pesquisa do Data Folha em que Lula abre uma vantagem de 21 pontos sobre Bolsonaro, com 48% das intenções de voto no primeiro turno, ante 27% do principal adversário. O cenário de polarização entre os dois antagonistas caminha para a cristalização, com o terceiro colocado, Ciro Gomes (PDT), aparecendo bem atrás, com 7%. Outros postulantes atingiram no máximo 2%. Votos brancos ou nulos somam 7%, e 4% dos eleitores responderam não saber em quem votar. A onda a favor de Lula deve crescer e o PT recomenda “botar os pés no chão”, evitando o ufanismo.
Com a desistência de Dória, o pessoal da Faria Lima e os bilionários insistem em alavancar a candidatura de Simone Tebet/MDB que obteve apenas 2% das intenções de votos na pesquisa do Data Folha.
Moro virou réu em uma ação popular em que deputados federais do PT pedem que ele seja condenado a ressarcir os cofres públicos por alegados prejuízos causados à Petrobras e à economia brasileira por sua atuação à frente da Operação Lava Jato. Seu parceiro e cúmplice, Deltan Dallagnol, entra na mira das investigações do TCU que vai abrir uma nova linha de investigação sobre gastos de procuradores da Operação Lava Jato com diárias e passagens aéreas no período em que trabalharam na operação que causou prejuízos à economia nacional e cometeu ilegalidades processuais.
O projeto que altera a cobrança do ICMS sobre combustíveis foi aprovado a toque de caixa na Câmara dos Deputados. Pacheco promete dialogar com os governadores antes de colocar a proposta em votação no Senado. A privatização da Eletrobras começa a andar, com a oferta de ações à CVM (Comissão de Valores Mobiliários). E Bolsonaro promete vender a Petrobras, se reeleito.