“Não só mataram a Mari com os tiros, mas (querem) matar também todo o trabalho que ela fez e tudo que ela significa hoje para tanta gente no país. Tem esse lado e tem também o lado que a gente sabe que tem alguém por trás muito forte, com muito dinheiro, muito poderoso […]”. O comentário da ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, ao comentar o assassinato da irmã, a vereadora Marielle Franco, foi realizado depois da divulgação da delação premiada de Élcio de Queiroz que apontou Ronie Lessa como o responsável pelos disparos que levaram à morte de Marielle e de seu motorista, Anderson Gomes.
A confissão abriu um “leque de oportunidades” para aprofundar as investigações e acelerar o processo de resolução do caso, segundo o procurador-geral de Justiça do Rio de Janeiro, Luciano Mattos. Há a expectativa de que novas delações levem aos mandantes do crime, cuja solução passou a ser uma prioridade do presidente Lula, de acordo com o ministro da Justiça, Flávio Dino. O fato foi destaque na semana em que continuaram as especulações sobre a reforma ministerial e as notícias favoráveis ao governo na área econômica.
Lula se reuniu com representantes dos partidos políticos com os quais negocia a possibilidade de sua entrada no governo com o objetivo de assegurar a governabilidade. Ao priorizar os partidos, buscou duplo objetivo: não reconhecer o Centrão como agrupamento de pressão e diminuir a influência de Lira ao mediar os interesses das agremiações com o Planalto. A negociação continuará ocorrendo no ritmo dado por ele. Os termos da barganha ainda estão sendo discutidos: quais ministérios serão entregues ao PP e ao Republicanos, considerando que a questão com a União Brasil já foi resolvida com cessão o Turismo. A mexida no tabuleiro implicará no remanejamento e na compensação de quem sai, provavelmente aliados de primeira hora com relativamente menos votos no Congresso. Um jogo delicado, com certeza.
A nomeação do economista Marcio Pochmann para o comando do IBGE chegou a causar certo frisson na mídia, na semana fraca em notícias relevantes. Houve reação à tentativa de jornalistas da Globo de desqualificá-lo para o cargo. A escolha, que não passou pela ministra do Planejamento, chegou a provocar certo mal-estar, logo sanado pelo governo.
Lula anunciou a intenção de fechar Clubes de Tiro, mais um passo em direção à segurança e à democracia, como afirma o ministro da Justiça (ou mais uma estocada nas hostes bolsonaristas, como comemoram setores da militância). A retomada do ensino de educação sexual e reprodutiva nas escolas passou quase despercebida na mídia, apesar de sua relevância.
Não faltaram notícias boas na área econômica. A agência de classificação de risco Fitch elevou a nota de crédito soberano do Brasil de BB- para BB, mantendo a perspectiva do rating estável. O índice Ibovespa fechou em alta de 0,94% na segunda-feira (24), a 121.341 pontos, em sua terceira sessão seguida de alta. Frente ao real, a moeda americana comercial teve baixa de 0,99%, a R$ 4,733 na compra e na venda no mesmo dia. Com o recuo dos preços de energia elétrica e alimentos, o IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15) teve queda de 0,07% em julho, a primeira deflação em dez meses.
Houve pequenas melhoras no mercado de trabalho, de acordo com os dados atualizados até o primeiro trimestre de 2023, divulgados na semana. No entanto, “os níveis de desigualdade de renda no país se mantêm elevados para os padrões internacionais, o que demonstra a necessidade de esforços coordenados em termos de políticas públicas, de curto, médio e longo prazo, para a inclusão produtiva e geração de trabalho digno”, aponta a nota técnica do IPEA.
A situação continua piorando para a dupla Moro-Dallagnol. Segundo matérias na imprensa, “Réu em uma ação de investigação eleitoral sob suspeita de abuso de poder econômico na pré-campanha das eleições de 2022, o senador Sergio Moro (União Brasil-PR) tem recorrido a integrantes do Judiciário na tentativa de impedir a cassação de seu mandato e compensar a falta de apoio político dentro e fora do Senado”. Dallagnol e vários procuradores, por sua vez, “são acusados de negociarem com autoridades norte-americanas, em sigilo, um acordo para dividir o dinheiro arrecadado da Petrobrás em multas e penalidades em casos de corrupção investigados pela Lava Jato”.