O surgimento de uma nova cepa do coronavírus, denominada Ômicrom, foi a notícia devastadora que dominou o cenário internacional, empalidecendo outros fatos relevantes. As bolsas de valores despencaram mundo afora. A variante já é encontrada em vários países europeus, além daqueles da África austral onde teve origem. Embora não se conheça seu grau de letalidade – as análises estão em curso – governos europeus, onde há um recrudescimento da pandemia, já anunciaram o endurecimento das medidas sanitárias. No Brasil, a Anvisa recomendou, além do impedimento de voos oriundos dos países do sul do continente africano, a exigência do passaporte de vacinação para impedir que o país se torne o destino preferido de turistas não vacinados. Bolsonaro, no entanto, se pronunciou contra as medidas. O surgimento da nova cepa poderá ser um balde de água fria no relaxamento das metidas sanitárias anunciadas por governadores e prefeitos. A conferir.
Na Alemanha, chegou-se ao acordo para a formação do novo governo a ser liderado pelo socialdemocrata e futuro chanceler Olaf Sholz. Esse foi o resultado da chamada “coalizão semáforo (assim conhecida pelas cores associadas aos partidos: vermelho dos socialdemocratas, verde dos ecologistas e amarelo dos liberais) ”. Os partidos da coalizão se reuniram nos últimos dias para acelerar o fechamento dos acordos em relação a pontos relevantes, como as políticas financeiras e climáticas, e os postos ministeriais.
No Chile, a direita saiu na frente no primeiro turno das eleições gerais. O candidato da extrema direita à presidência, Antonio Kast, obteve 27,91% dos votos, contra 25,83% dos votos em Gabriel Boric, candidato da Frente Ampla e do Partido Comunista. A direita recupera também terreno no Parlamento: terá a metade das cadeiras no Senado, enquanto o jogo de forças continua equilibrado na Câmara dos Deputados, onde o futuro presidente não terá maioria.
Uma pesquisa do Instituto Internacional IDEA, com sede em Estocolmo, revela serem crescentes os ataques à democracia. Apresentou a relação dos países onde ela vem sendo mais ameaçada, ranking no qual o Brasil ocupa desonroso lugar de ter sido um dos cinco que mais regrediu em relação ás garantias democráticas na última década e que mais sofreu deterioração em seu regime político em 2020.
Diante desse quadro, não é de surpreender a desfaçatez da afirmação de Lira de não ter promovido qualquer compra de votos a favor de projetos do governo – “Quero que um parlamentar diga que conversou comigo e eu ofereci ou que alguém ofereceu emendas em troca de votar uma matéria.”. Foi desmentido por um deputado que afirma que a eleição do presidente da Câmara foi comprada com emendas secretas. Fosse efetiva a democracia brasileira, e não um simulacro, a Procuradoria Geral da República teria aberto inquérito para apurar a denúncia. Por falar em Aras, ele encaminhou ao Supremo dez pedidos de providência em relação ao relatório final da CPI da Covid. Os requerimentos estão sob sigilo, o que impede saber se cabe mesmo ao STF encaminhá-los ou se Aras faz corpo mole, transferindo para outro poder o dever de casa da própria PGR.
A proposta de desenterrar a PEC que regula a aposentadoria de membros do Judiciário (70 anos), medida que permitiria Bolsonaro trocar Rosa Weber e Ricardo Lewandowski por candidatos indicados por ele, tem sido usada como contrapeso ao descumprimento, pelo Congresso, da deliberação do STF de dar transparência na liberação das emendas de relator, moeda de troca na compra de votos. Lira afirmou, na cara dura: “A execução orçamentária é por parte do Poder Executivo, em comum acordo com a lei aprovada pelo Legislativo. Legislar sobre Orçamento é função imprescindível, única e específica do Poder Legislativo, não competindo a nenhum outro Poder tratar suas regras”. Qual será a reação do Supremo? Engolirá o sapo? A conferir também.
O fato acima revela uma mudança de tática de Bolsonaro em relação ao poder Judiciário: transfere o confronto para outro poder, o Legislativo, e substitui o ataque direto pela a coação, executada pelo subalterno Lira, que dissimula, ao afirmar não haver acordo para fazer a medida (PEC da Bengala) avançar na Casa.
No tabuleiro das eleições de 2022, pesquisas confirmam que Lula continua na frente, Moro cresceu em relação aos demais candidatos de centro e tende a avançar nas bases de Bolsonaro. Depois de uma semana de impasse em relação ao sistema de eleição digital, Dória venceu Eduardo Leite nas prévias do PSDB numa disputa relativamente apertada (53,99% x 44, 66% dos votos). O resultado não impedirá a debandada de deputados do partido já corroído pelo bolsonarismo. Geraldo Alckmin esperava a conclusão do processo para anunciar a decisão política de filiar-se ao PSB, onde as conversas estão adiantadas, ou ao PSD, como é o desejo de Kassab.
Incerteza e insegurança continuam movendo a economia. A inflação mantém a tendência de alta. O IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor – Amplo 15), considerado uma prévia da inflação oficial (IPCA), teve alta de 1,17% em novembro, após ficar em 1,2% em outubro. A Bolsa de Valores teve queda. Pesquisa internacional revela que o desemprego no Brasil é o dobro da média mundial e a projeção de crescimento para 2022 é uma das menores entre os países emergentes.