O cessar-fogo e a troca de reféns foi a principal notícia sobre o conflito entre o Hamas e Israel que completa cinco semanas. A reação contra as atrocidades cometidas pelas tropas israelenses em Gaza intensificou a pressão internacional pelo cessar-fogo e por ajuda humanitária aos palestinos sitiados no sul do território conflagrado. Netanyahu teve que ceder, a contragosto das forças de extrema direita que compõem o frágil governo de emergência. A trégua nos confrontos deve durar pelo menos 4 dias e tem a soltura de reféns israelenses como contrapartida. Permanece, no entanto, o objetivo estratégico de destruir o Hamas com a retomada das ações armadas.
Passado o impacto das eleições na Argentina, o discurso radical de Milei vai dando lugar a posicionamentos mais sensatos. O presidente eleito enviou uma carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em que convida o petista para a posse e fala em “trabalho frutífero” e “construção de laços”. É provável que Lula seja representado pelo ministro das relações exteriores.
O principal fato no plano nacional foi a aprovação no Senado da PEC que limita decisões monocráticas na Corte, por 52 votos favoráveis e 18 contrários em 2 turnos, e que segue para a Câmara dos Deputados, onde Lira deve retardar sua apreciação. A decisão provocou a reação irada de ministros da Suprema Corte e a resposta não menos enfática de Rodrigo Pacheco, presidente da Câmara Alta. Gilmar Mendes afirmou que o STF “não era composto por medrosos”. Pacheco respondeu que nenhuma instituição é intocável. “Nenhuma instituição tem o monopólio da defesa da democracia no Brasil”, disse.
O conflito teria ficado neste terreno, não fosse o voto de Jaques Vagner, líder do governo no Senado, a favor da proposta. O governo tentou se esquivar, afirmando que desconhecia o posicionamento de seu líder na Casa. A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, afirmou que o voto de Vagner fora um equívoco, enquanto outros setores o avaliaram como um voto estratégico.
Segundo analista, “com dificuldades em sua própria pauta econômica, o governo preferiu não gastar energia em defesa do STF. Correria o risco perder a votação e ainda deixar a disputa marcada como uma vitória do bolsonarismo sobre Lula.” Tentou manter a distância da briga que ficaria restrita entre o Senado e o Supremo. No entanto, o voto do seu líder a favor da proposta gerou a situação de desconforto. O voto de Vagner teria sido motivado pelo objetivo de manter a proximidade com Pacheco e facilitar a aprovação e projetos do governo na Casa. Pacheco ao apoiar a proposta fez uma sinalização para a direita, em busca de apoio para sua provável candidatura ao governo de Minas em 2026.
Trata-se de um jogo intricado e perigoso. Ao mesmo tempo que tentou cumprir o papel de líder, o voto de Vagner abalou uma aliança com o Supremo que Lula considera valiosa. A direita, por sua vez, encara a aprovação da PEC como primeiro passo para mudanças de fundo visando assegurar ao Parlamento o poder de veto às decisões do STF, uma pauta cara ao bolsonarismo, inspirada na ação da ultradireita em outros países, a exemplo de Israel.
O segundo fato importante da semana foi o veto de Lula ao projeto de desoneração a folha de pagamento, mais uma manifestação de apoio à política econômica de Haddad que busca o aumento da arrecadação. A decisão desencadeou a reação de empresários, parlamentares e setores do movimento sindical que continuam avaliando a medida como necessária à manutenção e criação de empregos. A CUT apoiou a decisão do governo, vendo na proposta uma oportunidade para ampliar o debate público do tema e promover a negociação entre as partes.
Embalados na onda da eleição de Milei na Argentina e pela morte, nas dependências da Papuda, de um dos condenados pela tentativa de golpe no 8/1, os bolsonaristas organizaram uma manifestação no domingo (26) na Avenida Paulista. Não faltaram críticas ao governo Lula e loas à liberdade, novo foco de sua ação mobilizadora nas ruas e nas redes sociais. A prestar a atenção.