A viagem de Lula à Itália e à França foi destaque na mídia internacional. Em Roma, o presidente brasileiro encontrou-se com o presidente italiano, Sergio Mattarella, e a primeira ministra, Giorgia Meloni, com o objetivo de reforçar as relações entre os dois países, independentemente de posições ideológicas. A foto em que abraçou o Papa Francisco viralizou nas redes sociais. Segundo analistas, o encontro entre os dois líderes faz parte da “tentativa de posicionar a Santa Sé como facilitadora de conversas que possam promover tratativas pela paz na Guerra da Ucrânia”.
Em reunião com o presidente Macron, criticou duramente os termos da carta adicional da União Europeia para o acordo com o Mercosul. Convidado a falar no encerramento da cúpula sobre um Novo Pacto Financeiro Mundial, realizada em Paris, o presidente Lula fez um discurso de improviso e contundente. Cobrou o cumprimento de acordos firmados sobre o clima e que as nações ricas financiem países em desenvolvimento que detém reservas florestais como uma forma de pagar uma “dívida histórica” com o planeta pelos danos ambientais. Afirmou que a defesa do clima não pode ser desconectada da ação para combater a desigualdade. Reafirmou o compromisso do Brasil com a agenda internacional pelo desenvolvimento sustentável. Destacou-se novamente como estadista, porta-voz dos países em desenvolvimento e liderança do Sul Global.
A rebelião do grupo paramilitar Wagner, liderado por Yevgeny Prigogine, e a história mal contada do acordo com Putin para dar meia volta – o grupo avançava em direção a Moscou – depor armas e dirigir-se para a Belorus, chamou a atenção das autoridades internacionais, por vários motivos. Primeiro pela ousadia do grupo paramilitar que chegou a tomar a cidade de Rostov-do-Don, vital para as operações militares da Rússia na Ucrânia. Segundo, pela fragilidade da segurança russa, que não conseguiu deter o avanço das tropas rebeldes e deixou a capital à mercê do improviso. Terceiro, por ter contestado e abalado as relações de poder controladas por Putin, que sai do episódio enfraquecido e com a imagem arranhada, apesar do escudo de proteção existente em torno do regime autoritário, responsável pela opacidade das informações. Por último, por não interessar a nenhum país uma eventual guerra civil que coloque o arsenal nuclear russo nas mãos de grupos imprevisíveis.
No pano nacional, alguns fatos da semana foram positivos para o governo, outros nem tanto. No primeiro bloco, destaca-se a aprovação folgada de Zanin à vaga no STF. Ainda no Senado, o marco fiscal foi aprovado, com alterações, e devolvido à Câmara dos Deputados. Lula reverteu a transferência das atividades de inteligência do Executivo federal da Casa Civil para o GSI. Vetou o dispositivo aprovado pelo Congresso que transferia a Política Nacional de Recursos Hídricos do Ministério do Meio Ambiente para o Ministério de Integração e do Desenvolvimento Regional. Recebeu o presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Jaime Spengler, e o núncio apostólico do Vaticano no Brasil, Dom Giambattista Diquattro. E de quebra, foi criado o GT para elaborar diretrizes ao combate ao racismo no esporte.
As notícias na economia continuam animadoras, apesar do Copom ter mantido a taxa de juros nos estratosféricos 13,75%. Para se ter uma ideia do estrago, cada ponto percentual da taxa custa dezenas de milhões de reais aos cofres públicos. “Se, em vez de 13,75%, a Selic fosse 10% atualmente, você teria quase um Bolsa Família por ano economizado em termos de juros do que estão sendo pagos na dívida pública”, afirmou Stéfanie Rigamonti, Secretário do Tesouro Nacional. Campos Neto conseguiu a proeza de reunir contra si quase todos setores representativos da sociedade civil, exceto os rentistas. Por outro lado, a equipe de estrategistas para mercados emergentes do banco Goldman Sachs estima que nos próximos seis meses o dólar deverá se depreciar e atingir o valor de R$ 4,40, reduzindo a projeção anterior que era de R$ 4,85. Em apenas quatro meses, foram gerados 705 mil postos de trabalho com carteira assinada. A comemorar.
No Congresso, o Centrão continua pressionando para abocanhar o ministério da Saúde e a União Brasil para botar, de vez, a mão no ministério do Turismo. Contam com um trunfo: a votação final do marco fiscal. Na primeira sessão da CPMI do golpe, os parlamentares da base do governo perderam a oportunidade, por evidente despreparo, de obter informações do ex- diretor da PF em relação às ações de coerção contra eleitores de Lula no dia das eleições. Espera-se uma atuação mais assertiva nas próximas rodadas.
A votação da ação movida pelo PDT contra Bolsonaro na Justiça Eleitoral e que pode resultar na sua inelegibilidade foi adiada pra a próxima semana. Sua situação continua complicando-se. O relatório da Polícia Federal sobre os celulares do tenente-coronel Mauro Cid revela que o militar armazenou um arsenal teórico que poderia ser usado para tentar justificar uma intervenção das Forças Armadas após a eleição do ano passado.
Moro continua na mira das investigações sobre desvios da Lava jato. Desta vez, desvios de verba. Em entrevista à TV 247, Rodrigo Tacla Duran disse que a Lava Jato deixou de investigar para onde foi o dinheiro do Meinl Bank Antigua, que os procuradores chegaram a classificar de “banco da propina” da Odebrecht. Um dos donos do banco, Vinicius Veiga Borin, teve tratamento VIP na jurisdição de Sergio Moro, se comparado a outros alvos da Lava Jato. Em seu acordo de delação premiada, ele entregou 1 milhão de reais, uma fração do dinheiro que admitiu ter movimentado no banco: 2,6 bilhões. A conferir os próximos passos.