Na semana em que o mundo atingiu a cifra de 8 bilhões de habitantes, grande parte deles vivendo em condições precárias e em países pouco desenvolvidos, a atenção mundial esteve focada no desdobramento da COP27 onde se debatem alternativas para a crise climática. A grande estrela do evento foi o presidente eleito do Brasil, Luiz Inácio da Silva, que em seu primeiro discurso cobrou dos países ricos a compensação pelos danos causados ao meio ambiente e o compromisso assumido em eventos anteriores de destinarem recursos para os países pobres enfrentarem a questão ambiental.
Num quadro de poucos avanços diante da previsão de futuro sombrio se políticas ao combate das ameaças climáticas não saírem do papel, Lula foi enfático ao dizer que “o Brasil está de volta”, e anunciar que o combate à mudança climática será prioridade no novo governo. Mais do que isso, cobrou uma “nova governança global”, efetiva, e mais relações multilaterais para combater a crise climática. Afirmou ainda: “Não há segurança climática para o mundo sem a Amazônia protegida”. E pediu a realização da COP30, em 2025, em solo brasileiro, no que teve pronto apoio de lideranças mundiais como o presidente da França Emmanuel Macron.
Na rápida passagem por Portugal, onde foi recebido com entusiasmo, Lula tratou de temas relacionadas à CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa) como a questão migratória, a retomada das relações econômicas, culturais e políticas e das cúpulas regulares entre Brasil e Portugal, a partir de 2023, que estão paradas há seis anos.
A vitória das tropas ucranianas em Kherson levou Zelensky a anunciar e retomada, passo a passo, do território ocupado e o fim próximo da guerra. No entanto, este resultado está longe de acontecer, enquanto o país continuar sendo laboratório para teste de armas como o Delta, sistema de informação em tempo real ou rede online que tropas militares, autoridades civis e até cidadãos comuns autorizados usaram para rastrear e compartilhar informações urgentes sobre as forças inimigas, decisivo na recente vitória sobre as tropas russas. Além do revés, Putin teve que ouvir as críticas veladas de XI Jinping ao afirmar na reunião do G20 em Bali ser contra a “politização, instrumentalização e uso de questões alimentares e energéticas como armas”.
No plano nacional, a principal questão foi a rusga do presidente eleito com o mercado, ao comentar no Egito a quebra do teto de gastos para bancar programas sociais e a reação do mercado: “o dólar não aumenta e a bolsa não cai por conta das pessoas sérias, mas por conta dos especuladores que vivem especulando todo santo dia”. Como era de se esperar, o mercado reagiu com muito mal humor, fazendo o dólar disparar.
Economistas que apoiaram a candidatura de Lula no segundo turno – Fraga, Bacha e Malan – publicaram uma carta ao presidente eleito em que disseram que “a alta do dólar e a queda da bolsa não são produto da ação de um grupo de especuladores mal-intencionados” e que “a responsabilidade fiscal não é um obstáculo ao nobre anseio de responsabilidade social”. Meireles contemporizou: “Você pode criar o waiver [licença para gastar] em 2023, mas então corte todos os gastos desnecessários e volte com uma âncora de gastos em 2024″. Por fim, Lula afirmou, depois de afirmar que acatava as ponderações: “Vamos voltar a ser responsáveis sob o ponto de vista fiscal sem precisar atender tudo o que o sistema financeiro quer.”
A questão não é tão simples como parece. Segundo especialistas, “se a PEC da Transição tirar R$ 175 bilhões por ano durante o governo Lula 3, a dívida pública, em 2023, crescerá entre 3 e 4 vezes o ritmo dos últimos quatro anos, com juros altos, o que não vai ajudar na redução da pobreza (…) Cancelar gastos tributários (descontos de impostos para tal ou qual tipo de setor, empresa ou pessoa física) pode render. Mas qualquer tributação extra, ainda que necessária, pode ter seus custos. Pode provocar ineficiências econômicas, o impacto do aumento da receita do governo pode não compensar as perdas privadas etc. Um aumento brusco pode ser até recessivo”. Enfim, uma questão complexa para os responsáveis pela economia enfrentarem no processo de transição e no futuro governo.
A transição teve continuidade com a indicação de nomes para novos GTs, como do GT Trabalho integrado por representantes de Centrais Sindicais, como Sérgio Nobre, presidente da CUT e a definição, por parte da coordenação política, de que os GTs deverão apresentar um relatório detalhado da situação de cada área, diagnóstico que deverá orientar a linha de ação do governo nos seus 100 primeiros dias. Áreas consideradas sensíveis, como a Defesa, tiveram que esperar a volta de Lula para serem encaminhadas. Correram rumores de que setores das FFAA continuam sensíveis aos apelos golpistas.
A ação do judiciário contra os golpistas ganhou peso com a decisão do ministro Moraes de bloquear as contas de empresas e de pessoas físicas que estariam financiando as manifestações de grupos bolsonaristas em frente aos quarteis clamando pela intervenção militar.