Na semana que passou, houve pouca movimentação no cenário de guerra da Ucrânia. Analistas apontam para uma terceira fase do conflito de cerca de sete meses de duração. Na primeira fase, as forças de Vladimir Putin tentaram tomar Kiev com um ataque com múltiplas frentes e pouco foco de poder de fogo. Com a resistência ucraniana, fracassaram. Então “o foco se mudou para sua origem, o Donbass, onde em abril os russos iniciaram sua nova campanha, mais bem-sucedida até aqui e com a conquista da província de Lugansk, apesar de dúvidas sobre a capacidade de tomada da vizinha Donetsk. Após uma pausa tática relativa, a guerra entrou em sua terceira grande fase com Kiev ampliando os movimentos de sua primeira contraofensiva, especialmente no sul, enquanto Moscou retomou o avanço no leste e intensificou suas ações militares”. Segundo Putin, a libertação do Donbass é só uma questão de tempo.
Na última semana, seguindo as ameaças do Kremlin, o exército russo intensificou os ataques na região de Kharkiv onde Kiev havia recapturado algumas localidades. Os reatores da usina nuclear de Zaporijia foram religados, depois de uma semana de paralisação. No plano da “guerra de propaganda”, Putin elogiou a postura do governo chinês diante do conflito e voltou às ameaças, falando da possibilidade de uma terceira guerra mundial, enquanto Zelensky anunciou terem descoberto câmaras de tortura usadas pelos russos contra prisioneiros de guerra. No campo diplomático, a República Checa chegou a levantar a possibilidade de um tribunal internacional para apurar crimes de guerra na Ucrânia.
A longa despedida da rainha Elizabeth II continuou em destaque na mídia internacional, com o féretro chegando a Londres depois de passar por diversos pontos do Reino Unido. A população enfrentou longas filas para se despedir da soberana na Westminster Hall. Bolsonaro compareceu aos funerais, embora sua presença não deixasse de ser noticiada como incômoda na imprensa europeia. Aproveitou a passagem por Londres para fazer campanha. Da residência oficial do embaixador do Brasil no Reino Unido, falou de eleições com apoiadores e disse que “não tem como a gente não ganhar no primeiro turno”. Parece viver numa realidade paralela ao das pesquisas eleitorais. O uso da viagem como palanque foi criticado. Visto pelo Daily Mail como integrante de uma lista de “líderes controversos convidados para o funeral da rainha”, o ato político de Bolsonaro foi descrito como iniciativa “para ganhar pontos políticos em casa (no Reino Unido) antes das próximas eleições”.
As últimas pesquisas do Data Folha, divulgadas na quinta (15), continuaram a apontar um quadro de relativa estabilidade na corrida eleitoral. O petista tem os mesmos 45% das intenções de voto marcados há uma semana, e o atual presidente oscilou negativamente de 34% para 33%. Em terceiro lugar, empatados tecnicamente, vêm Ciro Gomes (PDT), com 8%, e Simone Tebet (MDB), com 5%. Pesquisa do Ipec, divulgada na segunda (12), apontou um leve crescimento de Lula, oscilando positivamente na margem de erro – que é de dois pontos percentuais para mais ou para menos – passando de 44% para 46%. Já Bolsonaro manteve o mesmo patamar de 31%.
Lula recebeu apoio de Marina Silva e prepara-se para a arrancada na reta final, enquanto apoiadores intensificam a campanha pelo voto útil, a exemplo do neto de Brizola e candidato a deputado federal. Leonel Brizola Neto (PT-RJ) e aliados marcaram para a próxima quarta-feira (21), na cidade do Rio de Janeiro (RJ), o lançamento de um manifesto de apoio a Lula.
No desespero, Bolsonaro apela. Sua propaganda desabusada provocou reação. Um grupo de 15 juristas, filósofos e cientistas políticos internacionais encaminhou uma carta ao presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes, questionando ataques da campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL) a Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em que o candidato à reeleição se refere ao ex-presidente como “criminoso” e “delinquente”.
Para além da propaganda, Bolsonaro usa e abusa de manobras para ampliar sua base eleitoral. Mantém sigilo de mensagens que possam incriminá-lo. Conseguiu da Petrobras redução do preço do gás de cozinha ( -4,7% no preço do botijão). Decidiu liberar R$ 3,5 bilhões em emendas de relator, usadas como moeda de troca nas negociações com o Congresso Nacional, a menos de um mês das eleições. Desde a democratização, nunca se assistiu a tamanha utilização da máquina e dos recursos públicos para influenciar eleições.
A ausência do presidente da República na posse da ministra Rosa Weber como presidente do STF foi vista como grosseria e retaliação. No discurso de posse, Weber foi aplaudida ao afirmar: “De descumprimento de ordens judiciais sequer se cogite em um Estado democrático de Direito”. O recado não poderia ser mais claro.
No TSE, Moraes rechaçou a proposta das FFAA de uma auditoria paralela das eleições. Bolsonaro sofreu aí mais um revés. O ministro do Tribunal Superior Eleitoral e corregedor geral da Justiça Eleitoral, Benedito Gonçalves, proibiu que o presidente use imagens da celebração do 7 de Setembro em campanhas eleitorais.