O Conselho de Segurança da OU aprovou finalmente uma resolução sobre o conflito entre Israel e o Hamas, exigindo a “libertação imediata e incondicional de todos os reféns” mantidos pelo grupo extremista e a implementação de “pausas e corredores humanitários urgentes e prolongados em toda a Faixa de Gaza por um número suficiente de dias”. Israel afirmou que não cumprirá a resolução e prepara-se para ocupar a parte sul do território, depois de ter praticamente desbaratado a resistência do Hamas ao norte. Houve um deslocamento forçado de mais de 600 mil pessoas para o sul. Os palestinos contabilizam cerca de 12 mil mortos.
Depois de invadirem o maior hospital da Faixa de Gaza, o Al-Shifa, na madrugada desta quarta-feira (15), as forças israelenses de ocupação afirmaram que o local era usado como base de comando pelo Hamas, o que o foi negado pelo grupo. A pulverização de forças remanescentes ao sul sugere ações terrestres mais focadas, mas isso é incerto agora. Cresce a tensão na Cisjordânia onde cinco palestinos foram mortos no campo de refugiados de Jenin, e outros 2, em Hebron. Com isso, chega a cerca de 200 o número de mortos por soldados israelenses na região. Ao mesmo tempo, parece ter voltado à estaca zero o acordo para a soltura dos reféns —70 mulheres e crianças capturadas em solo israelense em troca da libertação de 75 mulheres e 200 menores palestinos detidos em presídios israelenses.
No outro conflito regional que chama a atenção do mundo, a Rússia admitiu pela primeira vez que forças ucranianas conseguiram estabelecer uma cabeça de ponte na margem leste do rio Dnieper, no território da região de Kherson (sul do país) que o exército russo ocupa desde a invasão do ano passado. Segundo informações divulgadas por Moscou, foram recebidas com o “o fogo do inferno” da artilharia russa. Foi o primeiro e único fato notável na fracassada tentativa de Kiev de cortar a ligação terrestre estabelecida entre a Rússia e a Crimeia e, se possível, retomar a península anexada por Putin em 2014. O impasse na chamada “Operação Primavera” já havia sido reconhecido pelo chefe das Forças Armadas da Ucrânia, causando profundo mal-estar para Zelensky, que já acumulava dúvidas acerca da continuidade do apoio ocidental à sua resistência e queixas sobre corrupção na gestão dos bilhões de dólares que recebe em ajuda.
Xi Jinping desembarcou em San Francisco na terça (13) para participar da cúpula anual da Apec (Cooperação Econômica Ásia-Pacífico, na sigla em inglês), bloco que reúne economias do Pacífico. Nos encontros com Joe Biden e com empresários, buscou apaziguar os ânimos entre os dois países e atrair investimentos para a economia chinesa que dá indícios de desaceleração.
O Parlamento da Espanha, por sua vez, reelegeu Pedro Sanchéz para presidente do governo do país. O líder do PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol) recebeu 179 votos dos 350 deputados espanhóis que integram o Legislativo, alcançando a maioria absoluta
A relativa tranquilidade da reeleição de Sanchéz contrastou com o clima de intensa tensão e incerteza que marcou reta final das eleições na Argentina. No entanto, pouco depois das 20h de domingo, o candidato peronista Sergio Massa fez um pronunciamento reconhecendo a derrota, embora o resultado oficial das eleições não tivesse sido ainda divulgado. Mieli virou o jogo com uma vantagem de mais de 11% dos votos sobre o adversário.
A repatriação de brasileiros de Gaza foi um dos fatos marcantes da semana, depois de idas e vindas e exaustivas negociações diplomáticas envolvendo Israel, Egito, Estados Unidos e países árabes. O grupo foi recebido por Lula e autoridades brasileiras num gesto de acolhimento, mas também para demonstrar que a liberação dos brasileiros nada teve a ver com qualquer iniciativa de Bolsonaro. Bolsonaristas repercutiram a notícia falsa nas redes alegando que a liberação dos brasileiros fora obra do ex-presidente. Lula aproveitou o momento para elevar o tom da crítica à retaliação desproporcional de Israel, comparando-a a terrorismo.
A decisão tomada por Lula de não alterar a meta fiscal de 2024 (déficit zero) pode ter incomodado a ala desenvolvimentista dentro do governo e em setores da esquerda brasileira, ao fortalecer novamente Haddad. Foi uma sinalização importante para a sociedade, não apenas para o mercado.
Lula saiu em defesa do ministro da justiça, Flávio Dino, diante do que considerou ataques “absurdos” e “artificialmente plantados” pelo fato de a esposa de um homem apontado como líder do Comando Vermelho do Amazonas ter participado de reuniões no Ministério da Justiça e Segurança Pública. O senador Flávio Bolsonaro chegou a pedir o afastamento do ministro. A pressão sobre Dino faz parte de uma linha orquestrada de ações visando minar a popularidade de Lula e manter as bases bolsonaristas mobilizadas. Organizaram as esvaziadas manifestações no dia 15 e a viagem de parlamentares, liderados por Eduardo Bolsonaro, ao Congresso norte-americano para divulgar o que chamam de ataques à democracia e à liberdade de expressão no Brasil. Não por acaso, foram recebidos pelo deputado republicano, George Santos, filho de brasileiros e tido como uma vergonha no Partido pelas inúmeras denúncias de corrupção.
Na semana que passou dois fatos destacaram-se como resultado do aquecimento global no país. A onda de calor que afetou cerca de 116,6 milhões de pessoas e atingiu 2.707 cidades brasileiras, e queimadas atípicas no Pantanal. Na Bahia, a preocupação tem sido com a crescente tensão entre populações indígenas e proprietários rurais. Segundo moradores da região, tem sido a bala, e não a Justiça, o recurso empregado no sul do estado para tentar expulsar os indígenas que ocupam as terras dos ancestrais habitadas por eles há gerações.
Animadora foi a vitória dos trabalhadores da indústria automobilística no Brasil e nos Estados Unidos, depois das mais importantes greves no setor dos últimos anos, lá e cá.