A guerra na Ucrânia foi destaque na mídia por dois fatos que podem ampliar a dimensão do conflito, cujo desfecho continua imprevisível: o governo Biden autorizou o uso de armas fornecidas pelos EUA no território russo, deixando a decisão por conta e risco de Zelensky; os russos abriram novo fronte na região de Kharkiv, no nordeste da Ucrânia. Putin aposta na na possível diminuição do apoio dos países europeus e consequente derrota do exército ucraniano. A conferir.
Outro fato em destaque foram os insultos de Milei ao presidente da Espanha e sua família, que acabou desencadeando uma crise diplomática. O governo espanhol chamou de volta o embaixador na Argentina e o presidente Sanchez respondeu aos insultos à altura. O ex-presidente argentino lamentou o episódio, afirmando que as atitudes estapafúrdias de Milei estão isolando o país do mundo.
O atentado contra o premiê da Eslováquia, Robert Fico, recebeu o repúdio de lideranças internacionais que manifestaram pesar pela morte do presidente e do chanceler iranianos em desastre de helicóptero. Novas eleições serão convocadas para escolher aquele que substituirá o então herdeiro político do líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei.
A catástrofe ambiental e humanitária no Rio Grande do Sul continuou sendo o principal fato político da semana. Lula esteve na região pela terceira vez com uma delegação de ministros. Anunciou a criação de uma secretaria especial para fazer a ponte com o governo estadual e a gestão dos projetos e recursos compartilhados para enfrentar a crise, seja do ponto de vista da assistência emergencial à população atingida, seja em relação à reconstrução do estado que pode chegar a 1% do PIB nacional. Nomeou uma pessoa de sua confiança e oriunda do estado, Paulo Pimenta, para assumir a nova pasta. A nomeação chegou a ser apontada por setores da mídia e pela oposição como “politização” da situação de crise e Pimenta sendo identificado como “czar” no Rio Grande do Sul, favorecido pelo cargo na corrida eleitoral em que deve disputar o governo do estado.
As pessoas afetadas pela catástrofe climática vão receber imediatamente repasse emergencial de 5,1 mil reais do governo federal. A estimativa é de que cerca de 240 mil famílias sejam beneficiadas. Segundo informações divulgadas, as iniciativas governamentais vão muito além disso. “Para as ações de reconstrução do estado criou-se uma estratégia para atender as famílias que tiveram casas destruídas nas áreas urbanas atingidas pelas enchentes. Haverá antecipação dos benefícios sociais como saque do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), Bolsa Família, Abono Salarial, Seguro Desemprego e antecipação da restituição do Imposto de Renda”.
Experiências anteriores, como a tragédia ocorrida na serra fluminense em 2011, mostram que é essencial uma gestão responsável e competente dos recursos destinados a projetos prioritários, evitando seu mal uso ou desvio pela corrupção. Para articular as ações no RS, “no comando de uma força-tarefa que engloba todos os ministérios, será fundamental a presença de um ministro orientado por valores congruentes com a visão segundo a qual a presença estatal se justifica pela criação de uma sociedade mais justa, em especial nos momentos de emergência, com o alívio das desigualdades pela via do apoio aos mais necessitados”, afirma um analista.
Críticas ao governador do estado continuam reverberando na mídia por ter alterado 500 pontos do Código Ambiental do Estado e desmontado leis estaduais de proteção ambiental. Segundo pesquisa do Instituto Quaest, 68% dos entrevistados atribuem a Leite a maior responsabilidade pela tragédia. O prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo (MDB), também não tem sido poupado da crítica. “É igualmente culpado por, no delírio privatizante que toma conta de certos administradores, desmontar justamente os organismos responsáveis por manter as bombas, diques e comportas que deveriam proteger a cidade e seus habitantes. Nada poderia evidenciar mais a irresponsabilidade que está no âmago do populismo neoliberal.”
Dois filhos do ex-presidente estiveram, de última hora, na região e foram ridicularizados pela manifestação tardia de apoio. A estratégia da extrema direita de disseminar notícias falsas para desacreditar a ação governamental também recebeu duras críticas na mídia. “O bolsonarismo não é uma força política normal. É uma força destrutiva, que só é capaz de prosperar num ambiente de conflagração permanente, desconfiança entre os cidadãos – e entre estes e as instituições – e negação da política como meio de concertação civilizada entre interesses sociais divergentes. Ter esse diagnóstico claro de antemão é fundamental para compreender como e por que bolsonaristas de quatro costados têm agido como mercadores do caos espalhando desinformação em meio à tragédia climática que arrasou o Rio Grande do Sul. Há uma agenda em jogo. E ela não poderia estar mais distante dos interesses nacionais, que dirá dos imperativos morais e humanitários que devem orientar a ação de governos e da sociedade neste momento de amparo aos gaúchos”, afirma em editorial o jornal O Estado de São Paulo.
Outro fato importante, há tempos esperado, foi a troca de comando na Petrobrás. Jean Paul Prates foi substituído por Magda Chambriard.