A guerra é uma maratona, não uma corrida de velocidade”, afirmou o secretário americano Lloyd Austin, antes da reunião, em Bruxelas, dos chefes de Defesa dos 31 países da Otan. A afirmação buscava atenuar a preocupação com a “ofensiva da primavera” do exército ucraniano que, apesar do apoio militar recebido, não tem apresentado os resultados esperados pela coligação liderada pelos Estados Unidos contra a Rússia.
“Nós não sabemos se isso [a contraofensiva] será o ponto de virada da guerra. Quanto mais ganhos a Ucrânia tiver, mais forte será sua posição na mesa de negociação”, afirmara, um dia antes o secretário-geral da Otan, o norueguês Jens Stoltenberg. Apesar da “guerra de versões”, uma certeza parece se confirmar: sem superioridade numérica em terra e especialmente no ar, dificilmente as forças militares de Kiev levarão a melhor sobre aquelas de Moscou.
A passagem da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, pelo Brasil foi marcada por recados recíprocos. Ela afirmou que os indígenas desempenham um papel central para que o Brasil se torne uma superpotência verde. Em meio às recentes derrotas do governo brasileiro na área ambiental, Von der Leyen reforçou o apoio da União Europeia à agenda ambiental e climática do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O presidente, por sua vez, criticou a exigência ambiental extra que europeus querem no acordo com o Mercosul e disse que a premissa das negociações não deve ser “desconfiança e sanção”. Segundo Lula, a União Europeia está colocando entraves ao agronegócio brasileiro por motivos que vão além da preservação ambiental: “A União Europeia aprovou leis próprias com efeitos extraterritoriais e que modificam o equilíbrio do acordo. Essas iniciativas representam restrições potenciais às exportações agrícolas e industriais do Brasil”. A crítica foi endossada pelo presidente argentino Alberto Fernández ao receber, dias depois, a presidente da Comissão Europeia.
Não faltam dados positivos dos primeiros seis meses do governo Lula, especialmente na área econômica (melhora na avaliação do desempenho da economia brasileira pela agência de classificação de risco S&P, queda da inflação e do desemprego, queda do dólar e subida do Ibovespa, entre outros indicadores), mas esses resultados não se expressam ainda numa melhora da avaliação do governo, que se mantém estável (ótimo ou bom: 37%; regular: 33%; ruim ou péssimo: 27%; 3% não expressaram opinião), segundo o último levantamento do Data Folha. Comparando-se dados positivos e avaliação, duas coisas parecem certas: o papel da grande mídia ao não dar publicidade aos feitos do governo e a lastimável ineficiência da política de comunicação do próprio governo.
Lula se reuniu com a ministra do Turismo, Daniela Carneiro, e seu marido, Wagner Carneiro, prefeito de Belford Roxo, RJ, na busca de solução para crise provocada pela demanda do União Brasil de colocar no ministério um político indicado pelo partido. Ouve-se dizer que tenha sido oferecido ao casal de aliados o controle da rede federal de hospitais no Rio de Janeiro como compensação. Especula-se também se o acordo com o União Brasil resultará na entrega efetiva de votos no Congresso, considerando que muitos parlamentares estão atados a compromissos políticos na região de origem que os impedem de votar a favor do governo, a não ser que coloquem em risco a própria reeleição.
Lula se reuniu também com Lira. Com certeza, não trocaram apenas amenidades, como a indicação de Sabino pela União Brasil para o Ministério do Turismo e as perspectivas de negociações para o espaço que o Centrão poderá ter ao se aproximar do governo. A lista de reivindicações de Lira é extensa, assim como é sabido ser ampla sua cobiça. Além da correção e rumo na articulação com o Congresso, fala-se que o Centrão (que segue a batuta de Lira) está de olho no ministério da Saúde, na direção dos Correios e da Embratur e em centenas de cargos nos escalões inferiores dos ministérios.
Se sucumbir à voracidade do Centrão, cedendo áreas importantes como a saúde, corre o risco de perder a credibilidade e terá dificuldade para implementar o projeto defendido na campanha eleitoral. No entanto, como resistir às artimanhas do Centrão de se contrapor ao executivo, arvorando-se no poder que vem sendo considerado uma espécie de “parlamentarismo de ocasião”, de interesses escusos?
A situação vai de mal a pior para Bolsonaro e para Moro. Detalhes da trama golpista encontrados no celular do ajudante de ordem do ex-presidente são gravíssimos. A busca e apreensão de documentos nos escritórios e na residência de Marcos do Val, depois de supostas tentativas do senador de obstruir as investigações sobre o 8 de janeiro, cumpriu mais uma etapa da investigação que busca esclarecer os elos entre ele e Bolsonaro numa versão mal contada sobre a ação golpista.
Vieram à tona os motivos reais que levaram Moro a arquitetar a tramoia para afastar Appio da 13ª Vara Federal de Curitiba: impedir o juiz de continuar investigando o desvio bilionário de verbas amealhadas pela operação Lava Jato através da coerção, chantagem e violência.