A promulgação da Lei Orgânica para a Defesa de Essequibo pelo presidente venezuelano Nicolás Maduro, que praticamente anexa o território do país vizinho, foi considerada ilegal pelo governo da Guiana, que se manifestou em veemente nota de repúdio. Embora possa ser interpretado como mais um gesto diversionista de Maduro, de olho nas próximas eleições, o fato mostra que a disputa pelas imensas reservas petrolíferas na região está longe de ser resolvida, com potencial para tornar-se um dos principais focos de conflito na região.
A invasão da embaixada do México no Equador, a mando do presidente, em busca do ex-vice-presidente Jorge Glas que ali encontrara asilo político, demonstrou do que é capaz a extrema direita. O governo mexicano rompeu relações com o Equador enquanto o Brasil liderou a reação de outros países sul americanos na condenação da violação do direito internacional.
Aproveitando-se da avaliação positiva do FMI sobre os resultados da política adotada para combater a inflação, o presidente argentino propôs o alinhamento do país aos Estados Unidos, gesto considerado pela oposição peronista como manifestação de subserviência contrária aos interesses nacionais. Segundo a oposição, não há o que comemorar quando mais de 57,4% da população encontram-se na pobreza.
Na semana em que o Congresso esteve mais preocupado com a chamada “janela partidária” (possibilidade de o parlamentar migrar de um partido para outro, processo que tem drenado o já exaurido PSDB), o governo acumulou alguns fatos positivos. Os fugitivos do presidio de Mossoró foram recapturados e devolvidos à prisão de origem, num feito que celebrou a vitória do Estado sobre o crime organizado. A ação exitosa demonstrou que o crime pode ser combatido com inteligência no lugar da truculência, como aconteceu na lamentável Operação Verão no litoral paulista, que acumulou 56 mortes. Lamentável a afirmação do governador Tarcísio, quando interpelado sobre este resultado e a possibilidade de ser denunciado por desrespeito aos direitos humanos: “Não tô nem aí!”
“O STF formou maioria na segunda-feira (1º) a favor do entendimento de que as Forças Armadas não têm atribuição de poder moderador e que a Constituição não permite intervenção militar sobre os três Poderes.” A notícia foi fundamental ao processo, ainda em andamento, de recolar as FFAA no seu devido papel constitucional.
Houve queda nos alertas de desmatamento na Amazônia de 41,7% no primeiro trimestre , mas a devastação continua avançando noutro bioma, o cerrado (2% no mesmo período). Outra notícia favorável ao governo foi a divisão entre os empresários do agronegócio, com um setor manifestando interesse de se aproximar de Lula. “Enquanto o grupo político que representa os produtores rurais que exportam quer distância do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT), outra ala levantou bandeira branca. Há um movimento de aproximação em curso por congressistas ligados ao segmento de bioenergia, que inclui as usinas de etanol e biodiesel. Essas agroindústrias têm interesse em aprovar rapidamente, e sem alterações, o projeto de lei 528 de 2020, conhecido como Combustível do Futuro”, noticiou a FSP.
Chegou-se a falar que Lula já teria encontrado os perfis para uma possível reforma ministerial em resposta à queda dos índices de aprovação do governo apontada nas pesquisas e à necessidade de os ministros “entregarem” à população os resultados das políticas públicas. Em outras palavras, a eventual dança de cadeiras levaria em conta o perfil político dos novos ministros e sua capacidade de promover o governo com a divulgação dos resultados da ação dos ministérios.
A tumultuada relação do governo com o presidente da Petrobrás ainda não chegou a bom termo. O governo decidiu pagar os dividendos extraordinários da empresa que haviam sido retidos pelo conselho de administração da estatal em março. Lula cogitou em colocar Mercadante na presidência da petrolífera, em substituição a Jean Paul Prates, com quem tem acumulado embates. O mais recente ocorreu no mês passado, quando Prates defendeu a distribuição de 50% dos dividendos extraordinários e saiu derrotado.
De olho na candidatura ao governo de Minas Gerais em 2026, Pacheco decidiu deixar caducar o trecho da MP que previa a reoneração da folha de pagamento das prefeituras, repassando a conta para Haddad (a desoneração levará a uma queda de 10 bilhões de reais na arrecadação).
Outros fatos na semana favoreceram a extrema direita que se encontra em franco processo de mobilização para mais um ato a favor de Bolsonaro, desta vez no Rio de Janeiro, no dia 21 de abril, um domingo. Organizado novamente por Malafaia, terá como tema mobilizador “a defesa do Estado Democrático de Direito”. O ataque do bilionário de extrema direita Elon Musk ao ministro Alexandre Moraes, pedindo seu impeachment, joga lenha nesta fogueira. Musk acusa Moraes de conduzir uma campanha de “censura” contra perfis na plataforma social X, de sua propriedade, enquanto “reprime” bolsonaristas envolvidos nos atos de 8 de janeiro. O desdobramento deste embate e o resultado do julgamento de Moro no TR4 do Paraná poderão fortalecer o discurso da extrema direita de que “a democracia está sob ataque no Brasil” e que os “patriotas bolsonaristas” são as principais vítimas da “perseguição política” em curso.
Diante deste quadro, as dificuldades de mobilização das forças populares que apoiam o governo e a lenta reação do próprio governo aos processos que têm provocado a queda do seu índice de aprovação poderão criar um cenário favorável às forças de extrema direita às vésperas das eleições municipais.