Deixei para relatar por último aquele que foi o primeiro e um dos mais interessantes passeios que fiz junto com os Ramisch, na curta temporada em que estive com eles no verão europeu de 1988: a travessia de barco pelo Reno.
Saímos de manhã de Riegelsberg rumo ao nordeste, ao Vale Superior do Reno. Primeira parada: Bacharach, Altar a Baco, o deus do vinho. Teria sido fundada em tempos pré-romanos, possivelmente pelos celtas. A caminhada pelo centro da cidade, que parece ter saído de um conto de fadas, foi meu primeiro contato com traços da cultura arquitetônica alemã, traduzida em edifícios sustentados por vigas cruzadas de madeira. Mencionada pela primeira vez em escritos medievais do século XI, Bacharach cresceu para se tornar um importante porto de embarque de vinho para outras regiões da Alemanha e da Europa.
Tomamos o barco de nome Goethe para o trajeto de cerca de uma hora meia rumo a Boppard, 27,3 km acima, para onde Fred seguiu de carro. Teve início o pequeno trajeto pelo rio que corta a Europa de sul a norte, com cerca de 1.233 quilômetros de extensão. Nas encostas de vinhedos verdejantes, deparamos com castelos medievais, intactos ou restaurados alguns, outros em ruinas. Às margens do rio, deparamos com cidades como Kaub, cuja origem remonta ao século IX.
Passamos, em seguida, pelo rochedo de Lorelei, onde o rio faz uma acentuada e perigosa curva. Acidentes eram frequentes, lendariamente causados pelo encantamento da tripulação dos barcos com o canto das ninfas que habitavam o rochedo.
Na volta para casa, muita alegria por termos feito um passeio divertido por essa encantadora região, o vale do Reno, reconhecida pela ONU como patrimônio da Humanidade.