Um dos principais objetivos da viagem à Colômbia, em 2011, era sem dúvida visitar o famoso Museu do Ouro, em Bogotá. Abrigado num prédio moderno de frente para a Praça Santander, no centro histórico da capital colombiana, o museu contém um acervo de cerca de 34 mil peças de ouro, sendo o maior do mundo no gênero. Razão suficiente para visitá-lo.
No entanto, há outros motivos para o incluir nesta seção do Blog dedicada a espaços culturais de São Paulo, onde moro, e de outras cidades que conheci em minhas andanças. Quando o visitei, o museu havia passado por uma reestruturação, o que explica a forma cuidadosa e didática como o acervo é organizado ao olhar do visitante. Obviamente, apenas uma parte da coleção está à mostra. São artefatos maravilhosos que deslumbram pelo refinado trabalho de ourivesaria, pelo significado utilitário, decorativo e simbólico das peças. Há ainda uma variedade de outras peças de cerâmica, em osso e madeira de igual beleza.
O acervo cobre os principais períodos históricos e culturas pré-hispânicas que floresceram no território da atual Colômbia. Parte dos artefatos, de valor incalculável, é mantido em verdadeiras caixas-fortes, cujo acesso é cuidadosamente programado. Noutras partes do museu, as peças parecem flutuar no interior de espaços de acrílico. Adornos dão uma ideia da estética prevalecente nas culturas em que o metal precioso que embeleza os corpos diferencia os membros da comunidade, integra os humanos ao mundo mágico dos seres da floresta e ao universo misterioso dos deuses que habitam os céus. Imagens em cerâmica revelam traços do cotidiano e personagens reflexivos. As máscaras lavradas em ouro vão além de reproduzir o real, expressam a condição humana em situação de profunda dor ou raro momento de interrogação e incerteza.
Um lugar especial é reservado à peça mais valiosa do museu, a Balsa Muisca, que nos remete às origens, à saga heroica dos navegadores que, muito antes dos ibéricos, atravessaram oceanos e conquistaram o território. Sua leveza e a delicada malha que dá forma aos heróis míticos e à embarcação continuam despertando em minhas lembranças algo para além da admiração e espanto: me sinto pequeno e reverencio sua grandeza.