A convivência com os Ramisch nesta curta temporada do verão de 1988 foi se tornando cada vez mais terna, alimentada por conversas alegres à mesa – os pratos preparados pela Lúcia são sempre memoráveis – regadas pelo bom vinho e muitas lembranças da família, dos tempos de infância, dos casos sobre a vida em Berlim, nos primeiros anos de casamento, e em Riegelsberg, a cidadezinha onde vieram parar com a transferência do Fred para novo posto de gerência numa fábrica de armamentos localizada na região.
Seguindo o roteiro turístico organizado para mim, desta vez, rumamos para o sul e percorremos um trajeto de cerca de uma hora e meia até Estrasburgo, capital da região de Grand Est, no nordeste da França e também capital formal do Parlamento Europeu. A cidade tem uma arquitetura peculiar, de influência alemã e francesa.
A Catedral de Nossa Senhora de Estrasburgo, destaca-se na paisagem urbana. Sua construção foi terminada em 1439 e até 1874 ocupou o posto de edifício mais alto do mundo. Um dos mais notáveis exemplos da arquitetura gótica na Europa, seu pórtico e colunata ogival abrigam esmeradas figuras talhadas em pedra e sustentam a abóboda majestosa e átrios iluminados por esplêndidos vitrais. Uma verdadeira maravilha!
Abriga em seu interior o famoso relógio astronômico, que o turista pode apreciar ao ser iluminado por alguns instantes, depois de depositar uma moedinha no caixa.
Um dos bairros mais interessantes, e românticos, da cidade é a Petite France, por onde fizemos uma longa caminhada, antes de pararmos para o almoço no Le Gruber, restaurante famoso, cuja prédio foi reconstruído depois de um incêndio em 1575 e que mantém, desde essa época, as mesmas características.
Antes de voltarmos para casa, ainda demos uma esticada até Obernai, uma cidadezinha igualmente romântica um pouco mais ao sul, de menos de mil habitantes. Ainda me lembro da rápida conversa com o casal de americanos, de idade já avançada e de enorme jovialidade, que percorria a região de bicicleta.
No caminho de volta, fui tomado pela satisfação de ter vivido mais um dia a ser sempre lembrado. Foi minha primeira aventura em território francês. Ainda sou tomado por uma sensação de ternura, sempre que revejo o álbum de viagens em que a experiência foi registrada.
Vivi novamente estes momentos felizes com sua presença. Ficam as lembranças destes lindos lugares onde passamos juntos.
Ficarão para sempre, Lucia!