A aventura para conhecer o novo lago e a árvore milenar valeu a pena! O coihue é imenso. Cresce um milímetro por ano. Parece um totem na floresta sagrada. O lago, de águas serenas e azul profundo, cercado de escarpas rochosas da montanha e por uma mata densa, transmite paz. Os caniços nas suas margens balançam com o vento suave.
Descemos rapidamente a trilha, de volta para o porto. Pouco depois, chega o Tucumarã. Iniciamos a travessia do braço que se estende de Puerto Blest em direção a Puerto Pañuelo. A sensação é que a memorável travessia está por acabar. Estamos chegando ao nosso destino.
O barco aproxima-se lentamente do porto. Ao longo, sobre uma colina, o imponente hotel Lhao Lhao. Um ônibus nos transporta para San Carlos de Bariloche. Instalado no hotel, resolvo dar uma circulada. As ruas abaixo são um puro agito. Uma multidão de turistas de todos os tipos caminha pelas calçadas. Bares cheios, mesinhas nas calçadas, gente bonita, pessoas douradas pelo sol. Lojas iluminadas, butiques de grifes famosas. Ventinho frio e pessoas agasalhadas. Entro num agitado pub. Peço uma cerveja e um big, big steak com fritas! De sobremesa, sorvete de chocolate numa sorveteria próxima, depois de enfrentar uma longa fila.
No dia seguinte, fizemos um passeio conhecido como Circuito Chico ou Pequeno. Fomos de van até o pé da montanha, o Cerro Otto, onde tomamos um teleférico em direção ao topo, de 1405 metros de altitude. A vista panorâmica é linda. No primeiro plano, lagos de azul intenso formando uma espécie de colar de safiras incrustadas numa região de mata cerrada. Ao longe, a cordilheira em tom cinza azulado, de contornos nítidos no horizonte claro.
A tarde foi reservada para bater perna e fazer compras. Na manhã seguinte, fizemos outro passeio, desta vez ao Cerro Catedral. Subimos de bondinho até 1.780 m, depois tomamos o teleférico até o alto da montanha de 2.488m. Uma caminhada de mais uns 200m e estamos diante de um espetáculo singular: ao fundo, a cordilheira coroada de picos nevados; ao longe, lagos e ilhas quase perdidas em brumas; à nossa frente, uma montanha colossal de pedras de vários matizes; logo abaixo, um despenhadeiro de dar arrepio. Peço a um amigo que tire uma foto minha ali, “no topo do mundo”.
Descemos em direção ao vale onde há um complexo turístico muito interessante: um shopping center construído em estilo que combina bem pedras, madeira e vidro; pubs, lojas para aluguel de equipamentos de esqui, escolas para treinamento de turistas. Tudo para nos lembrar que devíamos ter vindo no inverno! Rsss.
A tarde foi reservada para bater perna e fazer compras. Na manhã seguinte, fizemos outro passeio, desta vez ao Cerro Catedral. Subimos de bondinho até 1.780 m, depois tomamos o teleférico até o alto da montanha de 2.488m. Uma caminhada de mais uns 200m e estamos diante de um espetáculo singular: ao fundo, a cordilheira coroada de picos nevados; ao longe, lagos e ilhas quase perdidas em brumas; à nossa frente, uma montanha colossal de pedras de vários matizes; logo abaixo, um despenhadeiro de dar arrepio. Peço a um amigo que tire uma foto minha ali, “no topo do mundo”.
De volta à cidade, mais uma tarde divertida antes de tomarmos o voo para Buenos Aires. São Carlos de Bariloche. Bariloche. Brasiloche. El Dorado dos sonhos do americano Bailly Willis, domínio do capo Primo Caparo, território usurpado dos teheuleches e de seus primos, os pehuenche. Campo de caça, terra de povos nômades, lugar de passagem, de acampamentos provisórios, refúgio obscurecido de fugitivos nazistas.
Terra encantada de florestas úmidas, de geleiras transformadas em lagos de águas profundas, de montanhas cobertas de neve eterna. Cidade balneária, ponto de encontro de turistas brasileños.
A região foi invadida pelos índios araucanos no século XVII. Encontrando a resistência dos teheuleches, os araucanos, também conhecidos como mapuches, espalham-se pelos pampas, atacando as estâncias dos invasores brancos.
O território continua sob o domínio dos teheuleches, também conhecidos como patagões do sul, até meados do século XIX. O exército argentino, sob o comando do General Roca, conquista a área desértica da Patagônia e completa a “limpeza étnica” da região, processo iniciado por Rosas y Alsina. Lanças e flechas pouco podem contra fuzis Remington.
Vencida a disputa também com o Paraguai, o general proclama a vitória da civilização sobre a barbárie. A região está pronta para ser ocupada por postos avançados do exército, levas de imigrantes e colonos. Em abril de 1881, o general Conrado Villegas “descobre” o lago Nahuel Huapi. Dois anos depois, inaugura o Forte Chacabuco. Logo chegam levas de imigrantes: italianos, alemães, espanhóis, ingleses, belgas, sírio-libaneses.
Remodelada pelo arquiteto Ernesto de Estrada, San Carlos de Bariloche não concretizou nenhum dos sonhos utópicos dos pioneiros, a não ser o de continuar sendo, para aqueles que foram dali expulsos, a morada sagrada dos ancestrais; e por aqueles que ali passam, a Cidade da Vida.