Sempre observei, com curiosidade, a arte de rua. Geralmente parava para ver mais de perto as imagens ou cenas que por um motivo ou outro – as cores vibrantes, o gesto inusitado, a composição de formas ou a figura singular – provocavam certa inquietação. Procurava compreender porque despertavam meu olhar.
Com o tempo, passei a fotografar as mais interessantes. Começar a registrá-las de forma mais sistemática no bairro onde moro foi só um passo. Verifiquei que algumas permaneciam por mais tempo, chamando a atenção do transeunte num local especial de uma determinada rua, outras eram efêmeras, sendo substituídas em pouco tempo por algo novo ou eram simplesmente apagadas. Algumas eram obras de artistas solitários, que nelas deixavam um detalhe como sua marca registrada ou assinatura. Outras eram criação coletiva e estavam em constante metamorfose. A técnica era vigorosa e ligeira, de quem provoca a tensão e a atenção, ou de refinado apuramento estético, reproduzindo cenas históricas ou criando um universo onírico em que a imaginação dá vazão ao sonho.
Nunca me preocupei com o debate, presente em certas rodas, se era apropriado chamar essas obras de “arte de rua”. Muitos daqueles que surgiram nas ruas tiveram lugar de destaque em mostras de arte famosas, alguns ganharam fama internacional e expõem regularmente em museus e espaços dedicados à cultura e à arte contemporânea.
O que mostro nesta parte do Blog é um pequeno registro da arte de rua em Pinheiros, na década de 2010. A meu modo e despretensiosamente faço sua leitura, com a mera intenção de provocar a reflexão e o diálogo. Nada mais apropriado para o Só Proseando!