Semanas de 19 a 31 de maio/2024
“Israel ultrapassou todos os limites de desumanidade ao queimar vivas dezenas de crianças e mulheres palestinas num campo da agência de refugiados da ONU em Rafah. É inominável o que o genocida Netanyahu fez hoje em Gaza. Criminoso!”. As palavras de uma parlamentar brasileira resumem o horror do ataque do exército israelense a civis desprotegidos em Rafah, sul de Gaza. Cerca de 27 pessoas foram mortas.
“A realização deste massacre abominável pelas forças de ocupação israelenses é um desafio para todas as resoluções internacionais legítimas.” A declaração da Presidência da Palestina. resume o sentimento de frustração diante da incapacidade de as nações impedirem que o governo Netanyahu continue o genocídio em Gaza. Não bastam condenações ou declarações de que Israel deve obedecer a resoluções internacionais. Multidões saíram às ruas para condenar Israel em inúmeros países. No entanto, nada impede o extermínio em curso. Até quando?
A possibilidade de uso de armas ocidentais pelo exército ucraniano para atacar o território russo levou à escalada do conflito. Putin reagiu com exercícios nucleares, renovando esse tipo de ameaça aos rivais, e falou sobre uma guerra global à espreita. Prometeu atacar alvos britânicos se mísseis de Londres disparados pelos ucranianos atingirem bases na Rússia. E atacou em diversos fronts no território ucraniano. Além do grande número de armamentos, chamou atenção o escopo do ataque. Foram alvejadas regiões no norte, centro, sul e oeste ucranianos, incluindo perto das fronteiras polonesas e húngara. Segundo analista, “a dramaticidade da situação fez acordar o Ocidente, após quase seis meses de letargia devido à protelação americana em aprovar novas ajudas a Kiev, um subproduto da briga no Congresso entre republicanos de Donald Trump e os democratas de Joe Biden.”
“Não chego aqui sozinha. Chegamos todas. Com nossas heroínas que nos deram a pátria, nossas ancestrais, nossas filhas e nossas netas. (…) Conseguimos mostrar que México pode realizar eleições pacíficas”, disse Claudia Sheinbaum, a primeira mulher a ser eleita presidente do México. Sua eleição foi o reconhecimento do governo de Andrés Manuel López Obrador, cujas políticas de desenvolvimento e de proteção social reduziram significativamente a pobreza no país.
A confraternização entre Lula e Ometto, por ocasião da inauguração de uma planta para produção de etanol de segunda geração na cidade de Guariba, em São Paulo, marcou uma nova fase do governo, com a reaproximação entre o presidente e os pesos pesados da economia nacional. O etanol de segunda geração usa o bagaço proveniente da produção do açúcar e etanol comum para produzir ainda mais etanol, sem aumento de área plantada, e índice 30% menor de emissão de gases de efeito estufa. “Trata-se de algo fundamental para uma das grandes apostas do governo Lula, que é a transição energética.”
O gesto se repetirá com o anúncio, na primeira semana de junho, de uma linha de crédito de cerca de R$ 10 bilhões para auxiliar as grandes empresas afetadas pelas chuvas que assolam o Rio Grande do Sul. Procura-se socorrer as grandes empresas dos setores industrial e do agronegócio que não foram contempladas nas medidas de crédito emergenciais anunciadas há cerca de 15 dias.
“O Tribunal Superior Eleitoral decidiu na noite desta terça-feira (21) não cassar o mandato do ex-juiz suspeito da Lava Jato e atual senador Sérgio Moro. Com uma unanimidade impressionante, que contou até com o voto do ministro Alexandre de Moraes, a corte eleitoral entendeu que Moro não cometeu os crimes de abuso de poder econômico, uso indevido dos meios de comunicação, compra de apoio político e arrecadação ilícita de recursos na pré-campanha para Presidência da República que depois virou campanha ao Senado”. Esta foi uma das principais notícias da segunda quinzena de maio, especialmente pelo que indica ter acontecido nos bastidores da política.
Suspeita-se de um “acordão” entre o TSE e o Parlamento, sob comando de forças políticas da direita e extrema-direita. Com a absolvição, o judiciário demonstra isenção, não perseguir indiscriminadamente representantes da direita, como vem sendo acusado nas redes sociais. Faz um gesto importante a lideranças de peso no Congresso, especialmente no Senado, que nos bastidores moveram-se a favor de Moro. Em troca, a promessa de conter iniciativas parlamentares de limitar o próprio poder judiciário. Seguindo esse raciocínio, a absolvição de Moro teria sido uma espécie de “fraquejada estratégica” do TSE.
Novas demonstrações de força da direita foram dadas no Congresso. O governo sofreu uma dura derrota, quando deputados e senadores derrubaram vetos presidenciais com ampla margem de votos. “Três pautas de cunho ideológico marcaram a sessão com reveses ao governo: o fim das saidinhas de presos, um pacote de costumes incluído por bolsonaristas na prévia do orçamento e o veto de Jair Bolsonaro (PL) ao dispositivo que criminalizava ‘comunicação’ enganosa em massa”.
Alegam-se várias causas para este revés. Falta alguém “empoderado” no Palácio do Planalto que garanta uma articulação política eficiente e, principalmente, o cumprimento dos acordos feitos, alegam muitos parlamentares. Articuladores teriam acionado ministros, mas integrantes do governo e membros do Parlamento dizem que essa movimentação foi aquém da necessária. Há relatos de que que na votação das saidinhas, por exemplo, os congressistas teriam recebido, simultaneamente, orientações díspares de alguns dos integrantes da articulação de Lula, “um bate-cabeça que tem sido constante”, afirmam.
“Do lado do Planalto, há também um antigo diagnóstico, o de que a resistência a Padilha e as derrotas aplicadas ao governo buscam retomar o modelo de relação do governo Bolsonaro, que levou o Centrão para o Palácio do Planalto e entregou ao grupo a condução política de sua gestão”, afirma um analista, identificando a origem do cabo de guerra que ora afrouxa, ora retesa. Partidos que teoricamente estão na base do governo, por deterem ministérios, nem sempre entregam votos. Soma-se a isso o descontentamento de setores aliados com a “falta de reconhecimento do Planalto com as legendas da esquerda, que apoiam mais incisivamente as pautas do Executivo no Congresso, mas não são prestigiadas”, segundo um parlamentar.
Neste quadro pouco favorável, uma coisa é certa: o Centrão, comandado por Lira, continuará apoiando projetos do governo na área economia e social, desaprovará propostas relacionadas à “pauta dos costumes” e não encampará qualquer iniciativa de cunho “esquerdista”. Tempos bicudos para Lula.