O filme Relações perigosas, dirigido por Stephen Frears, foi sucesso de público e crítica ao ser lançado em 1988. Baseado no romance homônimo de Pierre Choderlos de Laclos, um clássico da literatura francesa, foi a estreia do diretor britânico em Hollywood. No romance, a trama é narrada através da troca de cartas entre os personagens, recurso em que os sentimentos, os desejos e a percepção do mundo mesclam-se aos fatos, com igual intensidade. O diretor recorreu ao roteiro que transpôs a obra para o teatro para tornar a ação mais dinâmica na tela do cinema.
Além do roteiro adaptado, laureado com o Oscar, o filme contou com excelente direção de arte e de figurino, também premiados com o Oscar. O desempenho excepcional de atores experientes como Glenn Close, John Malkovich e Michele Pfeiffer (Prêmio BAFTA de melhor atriz coadjuvante) e dos jovens Uma Thurman e Keanu Reeves contribuíram para tornar a obra memorável.
A história se passa na França pré-revolucionária, uma sociedade em que a nobreza leva uma vida de fausto, de atividades frívolas e tédio, onde as intrigas e a falta de escrúpulos prevalecem sobre princípios, o número de conquistas amorosas aumenta a reputação, os sentimentos são manipulados numa rede de ardis meticulosamente arquitetados. O que conta é a satisfação do objetivo alcançado, mesmo que seja à custa de vidas destroçadas. É neste ambiente que Madame Merteuil e Valmont duelam, ela usando de todas as artimanhas para provar que as mulheres podem tanto ou mais que os homens, fazendo de sua estratégia um feminismo às avessas.
Este ponto, a situação da mulher no mundo dominando pelos homens, foi explorado no meu romance de estreia – Escrevo porque te amo – uma das razões para apresentar o filme nesta parte do Blog.
O filme recebeu também o Prêmio César de melhor filme estrangeiro em 1989.