Descendo a Rua Arcoverde em direção à Praça Benedito Calixto, chegamos à Rua Lisboa. Ela margeia a praça retangular e sobe o morro, de forte inclinação. Do lado esquerdo da ladeira, há um mural que chama a atenção.
Trata-se, mais uma vez, de uma paisagem urbana. O apuro técnico das imagens apresentadas em perspectiva nos leva a outro país, onde a neve cobre a rua, e para uma outra época, quando as ruas eram tomadas por bondes, carruagens e exemplares dos primeiros automóveis.
Os personagens são todos negros: varredores de rua, mulheres e homens bem vestidos, condutores e passageiros de veículos, pessoas comuns. Cidadãos.
Novamente, a arte de rua propicia a fuga para um lugar e tempo remotos que parecem não ter correspondência com o real. Entramos na dimensão do sonho. Nele há espaço para outra realidade, aquela que expressa, no plano recôndito do inconsciente, o desejo de viver, num outro lugar e num outro tempo, uma outra história.
Fotos: Alex Sgreccia
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