Semana de 4 a 10 de julho/2022
A renúncia de Boris Johnson à liderança do Partido Conservador foi destaque no noticiário internacional na semana que passou. Sob a enorme pressão de membros do próprio governo, que renunciaram por não verem mais possibilidade de continuarem à frente de ministérios depois da repercussão negativa dos sucessivos escândalos, e de deputados do Partido que pelo mesmo motivo se recusaram a dar suporte ao primeiro-ministro, Johnson anunciou a renúncia na quinta-feira (7). Continuará à frente do governo até o Partido Conservador, que tem maioria no Parlamento, escolher o novo líder.
O Parlamento Europeu aprovou nesta 3ª feira (5) uma série de regras para as big techs. Empresas como Amazon, Apple, Google e Microsoft estarão sob um marco regulatório no continente que, finalmente, dá os primeiros passos para limitar o poder desmedido das práticas comerciais dessas empresas.
O Parlamento Europeu também aprovou nesta quarta-feira, em Estrasburgo, o rótulo “verde” para o gás e a energia nuclear. Pressionados pela crise dos combustíveis desencadeada com a guerra na Ucrânia, os eurodeputados acabaram por dar luz “verde” ao gás natural e à energia nuclear. Não foi uma decisão sem protestos. Ao contrário, ambientalistas denunciaram o enorme risco representado pelas usinas nucleares, apontando a situação precária da estrutura de várias usinas na França (rachaduras, desgaste nas tubulações) e o risco iminente de desastres nucleares.
O Japão e o mundo foram abalados com o assassinato de Shinzo Abe, durante um comício na cidade de Nara, na sexta (8). Shinzo foi o premiê que por mais tempo permaneceu no cargo na história do Japão e teve uma trajetória política marcada pela defesa da paz. Tinha apenas 67 anos.
Os EUA e seus principais aliados europeus estão secretamente discutindo vias diplomáticas para acabar com o conflito na Ucrânia, enquanto a Rússia consolida sua posição no leste do país invadido, utilizando-se da tática de bombardeios intensivos e destruição da infraestrutura produtiva e urbana, gerando cenas de horror e escombro.
O governo Bolsonaro foi abalado por mais um escândalo que tentou abafar com uma solução rápida: a demissão sumária do presidente da CEF, denunciado por assédio sexual e moral. Usou a pressão sobre Pacheco e a liberação de recursos (emendas parlamentares do orçamento secreto) para impedir a instalação imediata da CPI do MEC. Como não conseguiu a retirada de nomes dos signatários do pedido de CPI, usou também de outro artificio, o pedido simultâneo de várias CPIs, uma delas para apurar alegadas irregularidades de governos petistas na área da educação. Com o rabo preso diante da denúncia de compra de votos para sua eleição à presidência do Senado, provavelmente coagido na conversa com Flávio Bolsonaro de ser um dos principais beneficiários das tais emendas, Pacheco encontrou uma solução “política” para a demanda da oposição: a aprovação entre líderes partidários da criação da CPI, mas só após as eleições.
Depois de ter aprovado no Senado, a toque de caixa, a chamada “PEC kamikaze” (que regula os novos programas sociais e cria o estado de emergência para legitimar o furo do teto de gastos) , e depois de conseguir seu trâmite rapidíssimo nas sessões das comissões regimentais na Câmara dos Deputados (sessões finalizadas minutos depois de serem formalmente abertas, manobra escandalosa para cumprir o ritual legal) Lira teve que adiar para a próxima terça a votação da PEC, por falta de quórum. Um revés inesperado para Bolsonaro que tem pressa nesta aprovação.
Seu futuro depende deste projeto, é o recurso que dispõe para evitar, desesperadamente, que as eleições sejam decididas a favor de Lula no primeiro turno. Resultados de pesquisas apontam que tem razão: “A taxa de aprovação do governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) entre quem recebeu algum pagamento do Auxílio Brasil no último mês é de 46%. Os dados são de pesquisa PoderData realizada de 3 a 5 de julho de 2022. A visão positiva sobre o governo nesse estrato populacional cresceu 15 pontos desde a rodada de 8 a 10 de maio, quando 31% dos cadastrados no programa diziam aprovar a gestão. ”
Lula, por sua vez, conseguiu avançar em pontos essenciais de sua estratégia eleitoral. Conseguiu aprovar o acordo político com o PSB em São Paulo, com a saída de França do páreo para a disputa do governo estadual, abrindo caminho para Haddad que pode vencer no primeiro turno, e o lançamento de sua candidatura ao Senado, onde tem chance real de vitória. Abriu um canal de diálogo com empresários de São Paulo, numa reunião na Fiesp com pesos pesados do PIB brasileiro. Abriu outro canal de diálogo com o agronegócio, através da relação com o deputado federal Neri Geller (PP), um dos líderes da bancada ruralista na Câmara, que negocia uma aliança com o PT em Mato Grosso para sair candidato ao Senado com apoio da federação entre PT, PV e PCdoB. E continua mobilizando multidões, como aconteceu em Salvador, no Rio de Janeiro e, no último sábado, em Diadema.